Nesta quinta-feira (24), quando se celebra o Dia da Lei de Libras, o Instituto Bilíngue de Qualificação e Referência em Surdez (IRES) reforça seu compromisso com a inclusão e destaca o protagonismo de Alagoas na luta pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais. O estado foi o sexto do Brasil a reconhecer oficialmente a Libras como língua legítima da comunidade surda, por meio da Lei Estadual nº 6.060, sancionada em 1998 — quatro anos antes do reconhecimento nacional, que só veio em 2002, com a sanção da Lei Federal nº 10.436 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, e sua regulamentação posterior em 2005, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A conquista alagoana foi liderada pela Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais (AAPPE), que mais tarde fundou o IRES — um instituto pioneiro no Norte e Nordeste do país na formação bilíngue e na promoção da educação e qualificação profissional de pessoas surdas.
Segundo Iraê Cardoso, superintendente da AAPPE e idealizadora do IRES, a adoção da Libras como ferramenta de inclusão foi um divisor de águas:
“Através da Libras, foi possível formar intérpretes, educadores, tradutores, e expandir o ensino da língua de sinais nas universidades, tanto na capital quanto no interior. Isso revolucionou a comunicação, que é o elemento fundamental para a autonomia da pessoa com deficiência auditiva. Foi um desafio vencido com muito estudo, trabalho e, principalmente, com a vontade de construir um mundo mais justo e acessível.”
Mesmo após 27 anos da conquista, os desafios ainda são muitos.
“As barreiras educacionais e de acessibilidade ainda persistem. Falta conscientização, espaços com intérpretes e tradutores, e profissionais capacitados nos serviços públicos de saúde e atendimento. O maior desafio da atualidade é garantir a educação bilíngue para crianças surdas. Em Alagoas, ainda não temos creches e escolas especializadas nesse modelo de ensino. Essa é uma das prioridades do IRES: criar uma escola bilíngue infantil para crianças surdas no estado”, completa Iraê.
Sobre o IRES
Fundado em 2018, o Instituto Bilíngue de Qualificação e Referência em Surdez (IRES) é o primeiro do Norte e Nordeste a constituir uma escola especializada voltada à educação de pessoas surdas. O instituto oferece formação em Língua Brasileira de Sinais para a comunidade, cursos de capacitação de intérpretes e tradutores, além de serviços de acessibilidade e tradução de eventos.
No campo educacional, o IRES atende adultos por meio da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), e também através do Atendimento Educacional Especializado (AEE), sempre com foco na inclusão e no fortalecimento da identidade surda.