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Enquanto o presidente Javier Milei critica o Mercosul e a indústria brasileira, a União Industrial Argentina (UIA), principal entidade do setor no país, adota um tom oposto. Em relatório recente, a organização defendeu a necessidade de uma política industrial robusta na Argentina e apontou o plano “Nova Indústria Brasil” (NIB), lançado pelo governo Lula, como um exemplo a ser seguido.
O documento de 36 páginas, divulgado na última semana, destaca que a política industrial do Brasil é “notável” por impulsionar a modernização e digitalização da indústria, além de oferecer um alto volume de investimentos e crédito. O NIB prevê mais de US$ 60 bilhões em recursos, o equivalente a 2,6% do PIB brasileiro, e já atraiu promessas de investimentos superiores a US$ 25 bilhões para o setor automotivo.
Divergência com Milei
A posição da UIA contrasta com as falas de Milei, que, durante discurso no Congresso no último domingo (2), afirmou que o Mercosul só beneficiou os industriais brasileiros às custas do empobrecimento da Argentina. Diferentemente do presidente argentino, a UIA vê a integração regional como uma oportunidade e defende o aprofundamento das relações com os países vizinhos.
O relatório sugere, por exemplo, a convergência regulatória entre Brasil e Argentina para facilitar o comércio e investimentos, além de destacar o impacto do acordo entre Mercosul e União Europeia, que pode abrir novas oportunidades comerciais.
Além disso, a entidade alerta que a Argentina precisa se preparar para competir em um cenário global cada vez mais digital, em meio à disputa comercial entre Estados Unidos e China.
Mercosul como caminho para o crescimento
Em vez de criticar o bloco, a UIA cobra do governo argentino uma política industrial sólida, como a adotada pelo Brasil, para fortalecer a economia do país. Segundo a entidade, uma estratégia bem estruturada pode tornar a Argentina mais competitiva, aproveitando melhor as oportunidades criadas pelo Mercosul e pelos acordos internacionais.
O posicionamento da UIA reforça que, para o setor produtivo argentino, o Brasil é um parceiro estratégico, e não um adversário, e que o Mercosul segue sendo essencial para o desenvolvimento industrial da região.