Desde 1957, quando a Assembleia Legislativa de Alagoas fez o impeachment do governador Sebastião Marinho Muniz Falcão, que o Brasil não tem a conclusão de um processo de afastamento de um executivo estadual.
Na época oposição ao governador estava descontente porque o governo havia criado um imposto no principal produto comercial de Alagoas, o açúcar. A velha história de que os ricos detestam pagar tributos. Em uma sexta-feira, 13 de setembro, deu-se a votação em processo trágico.
O impeachment de Muniz Falcão foi marcado por muitos traumas, violência com direito a tiroteio na Assembleia e uma morte.
Hoje 3 governadores sofrem processos de impeachment
Por razões bem diferentes da vivida por Muniz Falcão, atualmente três governadores estão sendo processados em seus Estados. São eles: Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, e Wilson Lima (PSC), do Amazonas.
Os três foram eleitos em 2018 com o discurso contra a política tradicional, o PT, o comunismo e a tese da segurança de que “bandido bom é bandido morto”. Witzel, por exemplo, chegou a dizer aos policiais que era para “atirar na cabecinha”.
Fugir da cassação do mandato por impeachment é o que todos querem. Para isso, os governadores passam a dialogar com todos os setores, principalmente, com os parlamentares estaduais.
Dá-se então o toma lá da cá da sobrevivência política. Ou seja, abandona-se o discurso da mudança, a tese contrária a política tradicional e se institui a relação de troca com mimos do erário, os quais sempre pontuaram de forma marcante na velha política.
Witzel parece ter a situação mais complicada. Enfrenta a oposição e os bolsonaristas que o ajudaram na eleição. Ele é acusado de desvios na Saúde. Processo que culminou com as demissões de um ex-secretário, dois ex-subsecretários e outros envolvidos estão na cadeia.
Lima, o governador do Amazonas, tem a situação mais tranquila por que conseguiu juntar para o seu lado a maioria da Assembleia Legislativa. O governador é acusado de fraude na compra de respiradores.
O caso de Moisés, de Santa Catarina, não tem ligação com a pandemia. O pedido de impeachment contra ele é assinado por um defensor público, que o acusa de improbidade e prevaricação por ter dado aumento supostamente indevido a procuradores do Estado, sem a aprovação de projeto de lei na Assembleia Legislativa.
São 63 anos desde o impeachment de Muniz Falcão. E as negociações políticas entre os poderes continuam as mesmas.
Imagine a poeira embaixo dos tapetes de cada palácio…
Fonte – É Assim