Só o tempo é o maior obstáculo ao prefeito de Maceió, JHC (PL). O clima de “já ganhou” nas eleições próximas fez sua equipe lançar a campanha “Alagoas não tem dono”, recado para a votação de 2026 quando Jota já se considera potencial candidato ao Governo.
O prefeito ocupa um espaço aparentemente vazio: não existe oposição nem com capacidade nem capilaridade para atrapalhar este caminho. Aos poucos, porém, o Palácio República dos Palmares parece estar reorganizando o jogo. Significa que, do outro lado do tabuleiro eleitoral, os peões avançam.
O senador Renan Calheiros (MDB) reaparece no cenário da capital através da abertura da Comissão Especial de Inquérito (CPI) da Braskem, no Senado Federal, que também terá como alvo o acordo realizado entre a Prefeitura e a Braskem, totalizando R$ 1,7 bilhão para obras de infraestrutura.
O mercado financeiro crê que esta comissão, mesmo antes de começar os trabalhos, tem potencial de atrapalhar as negociações em torno da venda da petroquímica pela Novonor (ex-Odebrecht) e desvalorizar as ações na Bolsa de Valores. Renan quer que a Braskem pague ao Governo os prejuízos com o afundamento dos bairros em Maceió, além de uma multa adicional.
A CPI deve se arrastar por 180 dias, o que significa holofotes para a oposição a Jota. Renan acreditava que a CPI do 8 de janeiro daria destaque ao deputado federal Rafael Brito (MDB). Não aconteceu. Também havia a crença que a pulverização de nomes para a Prefeitura pudesse arranhar o prestígio de JHC. Também não funcionou. Outra jogada: atrair vereadores da bancada do prefeito e torná-los oposição. Surtiu pouco efeito.
O governador Paulo Dantas (MDB) também acreditava que a montagem de um grupo longe dos Calheiros, liderado pelo presidente da Assembleia Marcelo Victor (MDB), pudesse ter algum peso na disputa eleitoral da capital, levando em conta a rejeição histórica ao senador no maior colégio eleitoral de Alagoas.
Mas o que Paulo Dantas conseguiu foi um aceno ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), parecendo não retribuir o gesto. Agora, Renan Calheiros reuniu os principais interessados do caso Braskem para avançar, cinco anos depois, nas indenizações ao Governo e também às vítimas do afundamento nos bairros provocado por décadas de extração de sal-gema.
Fonte – Extra