Pouco mais de 45 dias à frente do Ministério das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann tem mudado a percepção de quem duvidava da sua capacidade de articulação. Nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo, a deputada licenciada do PT enfrentou, no início, resistências silenciosas — principalmente dentro do Centrão — devido ao seu histórico combativo e presença ativa nas redes sociais. Hoje, a mesma ala reconhece que Gleisi superou as expectativas.
Empoderada pelo apoio direto de Lula e com trânsito ampliado no Palácio do Planalto, a ministra tem adotado uma estratégia de diálogo frequente e aberto com parlamentares. Ainda que tenha enfrentado tropeços, como a polêmica declaração sobre anistia que irritou ministros do Supremo Tribunal Federal, sua capacidade de corrigir o rumo e manter a interlocução com o Congresso tem sido notada.
O reconhecimento veio à tona na última quarta-feira (23/4), durante um jantar que reuniu Lula, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários. Ali, a ministra foi citada com elogios em mais de 80% dos discursos, segundo relatos de parlamentares presentes.
Um deputado que participou do encontro, em conversa reservada, afirmou que Gleisi, antes vista como uma figura reservada e pouco acessível na Câmara, adotou uma postura mais aberta e conciliadora no novo posto. A mudança de comportamento, para muitos, explica a boa aceitação que vem conquistando.
Ainda no início da gestão, a aprovação do Orçamento de 2025, após meses de atraso, foi um dos primeiros testes que Gleisi enfrentou — e que ajudou a consolidar sua imagem de ministra habilidosa.
Ao que tudo indica, a antiga desconfiança deu lugar a um consenso silencioso: Gleisi Hoffmann virou uma peça central para a estabilidade política do governo Lula no Congresso.