O deputado federal Paulão(PT-AL) manifestou solidariedade ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, durante sessão virtual da Câmara, por considerar que os ataques que ele vem recebendo dos militares tem outro pano de fundo.
Segundo Paulão, não se trata apenas da declaração do ministro que, em palestra, disse que o Exército brasileiro se associa a um genocídio, após a militarização do Ministério da Saúde.
O deputado disse que tem discordâncias com o ministro, mas considera que neste caso ele tem razão no conteúdo. “O Exército não está imune a críticas, como não está o presidente da República, nem nenhuma autoridade, enfim”, destacou.
De acordo com Paulão, hoje o Brasil tem mais militares comandando as pastas do governo do que mesmo no período da ditadura e mais que a Venezuela. De 22 ministérios, diz ele, mais de 36% são militares. Acrescentou que no conjunto do governo, em cargos comissionados, existem 3 mil militares e a maioria no Ministério da Saúde.
“Se o País vive uma pandemia com mais de 70 mil mortos até agora – 10 mil mortes a mais que a guerra do Paraguai – os militares querem impor a censura às criticas. O Gilmar Mendes não falou em perseguir militares, não falou em matar e nem disparou bombas nas portas dos quarteis, como fizeram os aliados do governo, recentemente, contra o STF”, sustentou Paulão.
O fato, assinalou, é que há uma a intervenção militar no Ministério da Saúde, e o Bolsonaro nomeou um general intendente, que não é médico, que não tem formação na medicina, e que loteou o Ministério com cargos políticos e militares em funções chaves “e essas pessoas não estão dando respostas para o enfrentamento da crise relacionada à Covid-19, penalizando a população brasileira”.
Disse ele, que a pandemia está dizimando comunidades indígenas na Amazônia, devido a falta de assistência do governo Bolsonaro e isso representa genocídio. A história, de acordo com Paulão, vai registrar à frente o descaso das autoridades com as vidas dos brasileiros e os militares não vão passar imunes a esse processo. “A história os responsabilizará. E o que eles não querem é ser cobrados por isso. Não há nenhum ataque do ministro à honra da Forças Armadas”, afirmou.
O pano de fundo é outro
Paulão disse ainda que a reação toda do governo e militares contra Gilmar Mendes tem uma razão de ser que é a contrariedade em outro fato. Disse ele que ao tratar do desgaste dos militares no governo,o ministro botou o dedo numa ferida que estimulou a reação de Jair Bolsonaro. “Foi o presidente que mandou os seus ministros fardados reagirem por que Gilmar é o relator das ações nas quais Flavio Bolsonaro luta no STF para manter seu foro especial de julgamento no caso Queiroz. Portanto, acossar o ministro é a estratégia deles”, destacou Paulão.
Também acrescentou que processar o ministro com base na Lei de Segurança Nacional é clara manifestação da intimidação, o desejo de imperar o regime de exceção e jogar para a plateia uma cortina de fumaça com relação aos fatos. “Ministros e o próprio STF também foram vítimas de declarações estapafúrdias do Bolsonaro, militares e também de ministros do governo e as lideranças do Exército praticamente não disseram nada para tranquilizar a corte”, lembrou o deputado.
Para Paulão é preciso consciência e sensatez das autoridades e instituições da República, diante do caos que vive o País em função da pandemia e da falta de competência dos gestores para salvar vidas. “Infelizmente, nesse governo o que tem imperado é a arrogância, a galhofa e a mentira”. Finalizou Paulão.
Fonte – É Assim