Após a reunião entre os reitores das universidades federais e o presidente Lula, realizada na última segunda-feira (10), as lideranças em Alagoas demonstram preocupação ao avaliar a situação. Embora reconheçam os avanços, ambos acreditam que ainda é muito desafiador encerrar o movimento de greve nas universidades e institutos federais com as propostas apresentadas na mesa de negociação.
Para o reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo, é um começo. “A reunião foi muito interessante, mostra a disponibilidade do Governo Federal de conversar, mas essas ações ainda não são suficientes para garantir o pleno funcionamento e a volta do processo de greve que a gente se encontra hoje”.
Ele explica que o Governo está liberando mais de R$ 270 milhões para ajudar no fechamento do orçamento do ano. “O que para a nossa universidade é uma pequena ajuda de aproximadamente 15% do que a gente está precisando para fechar o ano”.
Tonholo espera novas rodadas. “É um aceno e uma expectativa de que o governo volte a conversar, já que ainda estamos no primeiro semestre e temos um bom tempo pela frente para calcular o fechamento do ano dentro dos limites do orçamento”, disse em contato com a reportagem da Tribuna Independente.
Sindicais continuam insatisfeitas. Iracema Maria da Silva, coordenadora de Administração e Finanças do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal, afirma que a categoria não ficou satisfeita com a resposta do governo.
“O Governo nos deu a proposta que não agradou a categoria. Então, hoje [ontem, 11] vamos levar a nossa contraproposta ao governo, e eu espero que ele atenda essa nossa reivindicação”. Com reunião marcada entre governo e lideranças nacionais dos funcionários não docentes das universidades, as categorias realizaram na tarde de ontem movimentos em todo o país para pressionar.
Um protesto em forma de festa junina foi realizado na entrada do Instituto Federal de Alagoas. Os manifestantes então caminharam até o prédio do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do Governo Federal, localizado no Centro de Maceió.
Descontentamento e Frustração
Jailton Lira, presidente da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), explica que a categoria está frustrada com a negociação.
“Na pauta tem três itens que nós pedimos, um deles foi o tema dessa reunião, que é a recomposição dos recursos das universidades. Essa recomposição a Andifes, que é a associação dos reitores, pediu para esse ano R$ 2,5 bi. No entanto o governo anunciou um montante de pouco mais de R$ 700 mi. O resto é para expansão de universidades e criação de novos campis. Ou seja, para manutenção e custeio a diferença é muito pequena. No caso da Ufal, tem uma estimativa de um débito total de fornecedores de R$36 milhões, esse anúncio feito ontem representa R$ 3 milhões, 10% do total. Foi claramente insuficiente.”
A exemplo da maioria dos movimentos grevistas, um dos pontos principais é o reajuste salarial. “A questão salarial é, talvez, junto com a questão da composição orçamentária, nosso maior gargalo”. Ele detalha o que a categoria está reivindicando nesse setor. “A última proposta, que já foi modificada pelo sindicato nacional, o Andes, foi a solicitação de esse ano conceder o INPC (3,69%), mais 9% no ano que vem, que é o que o governo tinha oferecido, e 5,16% em 2026. Só que o governo mantém 0% para esse ano, e ano passado já tinha oferecido 9%, e ao invés do 5,16% eles estão oferecendo 3,5%. Então na verdade tem avançado muito pouco”.