Paris e suas autoridades afirmaram que adotaram medidas adicionais para garantir que os visitantes não encontrem nenhum dos notórios moradores peludos da capital durante os Jogos Olímpicos de 2024.
A cidade, que quer ficar bonita para receber o mundo durante o evento, está tendo dificuldades para manter seus habitantes mais indesejáveis, os ratos, longe dos turistas e acabar com a zombaria a qual é submetida regularmente nos quatro cantos do planeta.
Retratada de forma bem-humorada no filme de animação de sucesso Ratatouille, a abundante população de ratos da capital francesa não é uma piada para os moradores da cidade – e pode ser um constrangimento quando os holofotes dos Jogos Olímpicos se voltarem para Paris.
“Todos os locais olímpicos e áreas de comemoração foram analisados [em busca de ratos] antes dos Jogos”, disse a vice-prefeita Anne-Claire Boux, responsável pela saúde pública, em uma entrevista à agência de notícias francesa AFP.
Além de ordenar uma limpeza profunda para remover quaisquer resíduos de alimentos que pudessem atrair os ratos de suas tocas subterrâneas, os especialistas em roedores da prefeitura também trabalharam para fechar os pontos de saída dos esgotos ao redor dos locais.
“Onde havia áreas com muitos ratos, colocamos armadilhas antes dos Jogos“, detalha Boux, acrescentando que foram usadas armadilhas mecânicas para roedores e soluções químicas para reduzir as populações incômodas.
Ratos são úteis mas devem ficar nos esgotos
O parque situado atrás da Torre Eiffel, onde será disputado o vôlei de praia, e os jardins do Louvre, onde ficará a tocha olímpica, são locais populares para piqueniques – e anteriormente infestados de ratos.
“No final das contas, ninguém deve tentar exterminar os ratos de Paris, eles são úteis na manutenção dos esgotos”, acrescentou vice-prefeita. “A questão é que eles devem ficar nos esgotos”.
Personagens da literatura francesa
Os “parasitas” de Paris, personagens da literatura francesa desde Os Miseráveis até o Fantasma da Ópera, são frequentemente incluídos em um debate contemporâneo sobre a limpeza na capital francesa.
A atual prefeita, Anne Hidalgo, uma socialista que conta com o apoio dos ecologistas, é regularmente acusada por seus críticos conservadores de não conseguir manter a capital livre do acúmulo de lixo, de roedores e de excrementos de cães.
Em 2021, uma campanha viral nas mídias sociais chamada #SaccageParis (#ParisLixo) levou os moradores a postarem fotos de lixeiras transbordando, mobiliário urbano mal conservado ou espaços verdes cobertos de vegetação que prejudicam a reputação de elegância cultivada da capital.
A cidade divulgou posteriormente um “manifesto pela beleza” em resposta às críticas.
Antes dos Jogos Olímpicos, suas avenidas e praças foram completamente renovadas, e muitos edifícios históricos receberam uma reforma.
Anne-Claire Boux enfatizou que os problemas com ratos eram causados principalmente por alimentos deixados no chão ou por latas de lixo transbordando, muitas das quais estão sendo trocadas em Paris por novas versões à prova de ratos.
“O mais importante é que as lixeiras estejam lacradas e fechadas”, disse ela.
Bônus olímpicos para faxineiros
Os exterminadores de roedores da cidade – conhecidos como a equipe “Smash” – também foram consultados pelo comitê organizador de Paris, sugerindo maneiras de projetar seus locais para mantê-los limpos e organizados.
A responsabilidade pela remoção de resíduos e limpeza das ruas caberá às equipes de limpeza e coleta da cidade, compostas por 7.500 pessoas, cuja greve de três semanas no ano passado fez com que cerca de 10.000 toneladas de lixo se acumulassem nas ruas.
Eles receberão bônus de até € 1.900 (cerca de R$ 11.540,00) por trabalharem durante o período olímpico, enquanto os empreiteiros privados também ajudarão nos esforços para manter a cidade limpa.
“Não estou nem um pouco preocupado [com os ratos]”, disse o vice-prefeito de Paris, responsável pelo limpeza, Antoine Guillou. “Pelo contrário, os Jogos nos ajudarão a mostrar definitivamente que essa ideia de que há muitos ratos em Paris é falsa”, projeta.
“Há alguns, nós lidamos com eles, mas não são um problema específico de Paris nem na escala que às vezes é sugerida de forma caricatural”, concluiu Guillou.
Fonte: RFI