Um estudo divulgado recentemente pelo Instituto Trata Brasil revelou que a falta ou inadequação do saneamento básico nas cidades levou mais de 344 mil pessoas a serem internadas no país em 2024. Os estados do Maranhão e do Distrito Federal apresentaram as piores taxas de internações por doenças relacionadas ao saneamento precário. No Maranhão, a incidência foi de 45,8 casos para cada 10 mil habitantes, enquanto no Distrito Federal esse número chegou a 36,2.
O levantamento apontou que Alagoas registrou um total de 6.230 internações por doenças transmitidas por meio do saneamento ambiental irregular ou inexistente. Dentre essas, 3.261 internações foram causadas por doenças de transmissão feco-oral, originadas pelo contato com fezes contaminadas. Além disso, 2.730 casos tiveram como causa doenças transmitidas por insetos, especialmente a dengue. Outros fatores como contato direto com água contaminada, falta de higiene e infecções por vermes também foram responsáveis por hospitalizações.
Na sequência do ranking dos estados com maior incidência de internações, Goiás aparece em terceiro lugar com 29,2 casos por 10 mil habitantes, seguido pelo Paraná (25,6) e pelo Amapá (24,6). Em nível nacional, mais de 168 mil internações foram atribuídas a infecções causadas por insetos vetores, majoritariamente a dengue. Já as doenças transmitidas por via feco-oral resultaram em mais de 163 mil hospitalizações, incluindo gastroenterites provocadas por vírus, bactérias e parasitas.
A presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, destacou que o aumento dessas doenças também impacta a economia, gerando maiores despesas públicas e privadas com tratamentos médicos. Além disso, a precariedade no saneamento agrava a vulnerabilidade das populações que vivem em áreas sem acesso adequado a esses serviços essenciais.
Os grupos mais afetados pelas doenças relacionadas ao saneamento precário incluem a população preta e parda, que representou 64,8% das internações registradas em 2024. Embora os indígenas tenham correspondido a apenas 0,8% do total de hospitalizações, a taxa de incidência entre eles foi de 27,4 casos por 10 mil habitantes.
Crianças de até quatro anos também foram fortemente impactadas, somando cerca de 70 mil internações, o equivalente a 20% do total. A incidência nessa faixa etária foi de 53,7 casos por 10 mil habitantes. Entre os idosos acima de 60 anos, foram registradas mais de 80 mil hospitalizações, representando 23,5% do total, com uma taxa de 23,6 internações a cada 10 mil pessoas.
Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.031 conseguiram reduzir a taxa de mortalidade por doenças relacionadas ao saneamento inadequado entre 2008 e 2023. No mesmo período, 2.791 cidades permaneceram estagnadas e 1.748 registraram aumento na mortalidade. Os dados reforçam a necessidade de investimentos urgentes em infraestrutura sanitária para reduzir os impactos na saúde pública e na economia do país.