A Advocacia-Geral da União (AGU) está planejando ações legais para responsabilizar parlamentares bolsonaristas pela disseminação de desinformação sobre o Pix, que causou prejuízos à economia popular e abalou a confiança no sistema de pagamentos instantâneos. Entre as medidas avaliadas está o ajuizamento de uma ação civil pública contra os deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG), acusados de compartilhar boatos sobre uma suposta taxação do Pix.
As notícias falsas geraram um efeito cascata: consumidores evitaram utilizar o Pix por medo de cobranças adicionais, enquanto comerciantes aumentaram preços para transações realizadas por meio do sistema. A AGU considera que a desinformação teve impactos econômicos significativos, além de comprometer a imagem de um serviço amplamente usado pelos brasileiros.
A DESCONFIANÇA GERADA PELOS BOATOS
De acordo com técnicos da AGU, os rumores de uma suposta taxação do Pix levaram a população a desconfiar da segurança e da neutralidade do sistema. “As fake news criaram um ambiente de desconfiança generalizada que prejudicou tanto consumidores quanto comerciantes. É essencial combater a desinformação para proteger a economia popular e a credibilidade das instituições públicas”, apontou uma fonte ligada ao caso.
A ação também deve servir como um alerta sobre o impacto das declarações públicas de políticos. Fontes da AGU fizeram um paralelo entre as consequências das fake news sobre o Pix e os ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro em 2022, que acabaram resultando em sua inelegibilidade.
CONTRAPONTO À DESINFORMAÇÃO
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) se destacou no combate às notícias falsas ao publicar um vídeo nas redes sociais desmentindo as informações sobre a taxação do Pix. Em poucas horas, o vídeo alcançou mais de 80 milhões de visualizações, mas também desencadeou uma onda de ataques contra a parlamentar.
Hilton relatou ameaças de morte recebidas em sua conta no X (antigo Twitter), onde usuários chegaram a incitar violência contra ela, com mensagens que mencionavam o assassinato da vereadora Marielle Franco como referência. “A disseminação de fake news vai além da desinformação: ela alimenta o ódio e coloca vidas em risco”, destacou a deputada, que levou o caso à Polícia Federal para investigação.
DESAFIOS PARA O GOVERNO
Diante da polêmica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu revogar a proposta que originou os boatos, reforçando a necessidade de proteger a reputação do Pix. A AGU, por sua vez, enxerga na ação civil pública uma oportunidade de reparar os danos causados à economia e, ao mesmo tempo, promover uma reflexão sobre a responsabilidade de parlamentares na disseminação de informações.
Ao adotar medidas contra os envolvidos, o governo pretende enviar uma mensagem clara sobre as consequências de espalhar desinformação, reforçando a importância de proteger a confiança dos brasileiros em suas instituições.