Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não deixará o Brasil, mesmo diante das investigações e riscos jurídicos que enfrenta. “Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando fui para os Estados Unidos. Quando fui para a posse do Javier Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”, declarou.
A declaração ocorre poucos dias após Bolsonaro mencionar que poderia deixar o país, mesmo estando com o passaporte retido desde fevereiro de 2024. A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no contexto da Operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Ausência na posse de Trump gera críticas ao Judiciário
Bolsonaro também lamentou sua ausência na posse de Donald Trump, que reassumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro deste ano. Segundo o ex-presidente, ele foi convidado pessoalmente por Trump e Michelle Bolsonaro, mas não pôde comparecer devido à retenção de seu passaporte.
“Fiquei muito triste, queria acompanhar minha esposa, que só retorna no sábado. Amanhã tem uma marcha lá contra o aborto nos Estados Unidos, ele sabe disso. Isso foi uma negativa por influência do governo brasileiro dentro do Supremo. Acho que minha ida geraria menos repercussão do que minha ausência”, afirmou.
Sem a presença de Bolsonaro, sua esposa, Michelle Bolsonaro, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) representaram a família na cerimônia. “Estou constrangido por não poder ir. Espero que Trump nos ajude, ele é um aliado”, declarou o ex-presidente.
Eleições de 2026 e críticas ao cenário político
Bolsonaro também comentou o cenário eleitoral de 2026, afirmando que, sem sua presença, o pleito será semelhante às eleições na Venezuela, onde opositores foram impedidos de concorrer. Ele indicou nomes próximos como possíveis candidatos, incluindo seus filhos Eduardo e Flávio Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Flávio é um excelente nome, preparado, com experiência. Eduardo é maduro e conhece o mundo. Já Michelle, tem chances reais e sempre aparece competitiva nas pesquisas. Seria um bom nome”, disse Bolsonaro. Em tom de brincadeira, afirmou que aceitaria ser ministro-chefe da Casa Civil em um eventual governo da esposa.
Defesa de anistia e temor de prisão
O ex-presidente também defendeu a aprovação de uma anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Esperamos que não seja necessário eleger alguém de direita em 2026 para dar anistia em 2027. Quem está preso lá dentro, inocente, sofre. É uma forma de enfraquecer a direita no Brasil”, afirmou.
Ao falar sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro demonstrou preocupação: “Hoje em dia, qualquer um pode ser preso sem motivo nenhum. Está na mão de uma pessoa decidir o futuro de qualquer um.”