A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) está mobilizando articulações para garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a redução da jornada máxima de trabalho no Brasil, conhecida como “PEC do 6×1”. Para viabilizar a tramitação da medida no Congresso, a parlamentar pretende buscar o apoio direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Com toda a certeza vou procurar o Palácio do Planalto novamente”, afirmou Hilton à CNN. No ano passado, ela já havia discutido o tema com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que demonstrou respaldo à proposta. Agora, a deputada quer envolver Lula na articulação para que a PEC avance e seja aprovada até o fim de 2025.
Outro ponto fundamental na estratégia de Hilton é uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que ainda não se posicionou sobre a medida. Conseguir apoio da liderança da Casa será essencial para acelerar a tramitação da proposta.
Lula avalia apoio, mas quer ajustes no texto
Nos bastidores, o governo federal encara a PEC como uma oportunidade para reforçar sua pauta trabalhista, mas Lula ainda não definiu uma posição oficial. O presidente já sinalizou que enxerga com simpatia a proposta, mas defende que seja encontrada uma solução intermediária para garantir maior adesão ao projeto.
O texto original da PEC prevê uma escala de trabalho 4 por 3, mas a própria Erika Hilton reconhece que há espaço para ajustes. No Palácio do Planalto, a medida também é vista como um possível canal de diálogo entre o governo e o setor empresarial, desde que um equilíbrio seja encontrado.
Disputa política pode influenciar o futuro da PEC
Além do impacto na jornada de trabalho, a proposta também se insere no embate político entre governo e oposição. Parlamentares da direita já se manifestaram contrários à mudança, o que pode transformar o tema em mais um ponto de disputa entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nos últimos anos, parte dos trabalhadores informais, especialmente aqueles ligados ao setor de serviços e ao empreendedorismo, tem migrado para o campo bolsonarista. O governo avalia que uma pauta trabalhista como essa pode ser um caminho para reaproximar essa base do presidente Lula.
Com o cenário político em movimento, o avanço da PEC dependerá da articulação do governo no Congresso e da construção de um consenso entre parlamentares, empresários e sindicatos. A expectativa é que as negociações se intensifiquem nos próximos meses para definir o futuro da proposta.