Na abertura da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (12), o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, fez um alerta contundente sobre a crescente violência contra as mulheres no Brasil. Em referência ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no último sábado (8), Barroso destacou a gravidade da situação: “Ainda temos uma epidemia de violência doméstica e de violência sexual contra as mulheres e precisamos enfrentar”, afirmou.
Os números confirmam a preocupação do ministro. Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (11) apontam um aumento expressivo no julgamento de casos de feminicídio no país. Em quatro anos, os processos analisados cresceram 225%, passando de 3.375 em 2020 para 10.991 em 2024.
Para Barroso, a raiz do problema está no machismo estrutural, que perpetua desigualdades e impõe barreiras invisíveis às mulheres. “O machismo estrutural impõe às mulheres duas grandes dificuldades. Uma divisão sexual do trabalho e um teto de vidro”, afirmou o ministro. Ele ressaltou ainda o impacto dessas desigualdades no dia a dia das mulheres, que dedicam, em média, três horas a mais que os homens às tarefas domésticas e ao cuidado da família, muitas vezes sem qualquer remuneração.
A escalada da violência de gênero exige respostas concretas e políticas públicas eficazes para conter o avanço dos casos. Especialistas destacam que o fortalecimento das redes de proteção, o acesso facilitado à justiça e campanhas educativas são essenciais para enfrentar esse cenário alarmante. A fala de Barroso ecoa o clamor de milhares de mulheres que, diariamente, enfrentam ameaças e agressões dentro de seus próprios lares.