Em ofício enviado nesta quarta-feira, 29, à Defesa Civil de Maceió, ao qual o EXTRA teve acesso, a Braskem admite que houve deslocamento abrupto do solo no bairro do Mutange, com possível “sinkhole”. Quando esse fenômeno acontece, há escorregamento de terra que cria enormes crateras, levando para o seu interior tudo o que se encontra no diâmetro do vazio, incluindo ruas, casas e prédios.
“Sinkhole” é um termo em inglês usado para denominar os vazios de superfície, que são grandes problemas que podem ocorrer no solo quando não se conhece a fundo sua composição e especificidades ao explorá-lo. Geralmente, o fenômeno ocorre quando há condições adversas no solo, como a chuva intensa e pressões na superfície sobre um substrato que não as suportam. Eles são extremamente perigosos devido à sua aparente aleatoriedade.
No caso de Maceió, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a exploração de sal-gema, feita de forma inadequada pela Braskem, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam na região, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras que afetaram os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
Em Fukuoka, no Japão, um sinkhole de 30 metros de largura e 15 metros de profundidade se abriu no meio de uma avenida às 5 da manhã no ano passado. Por sorte, ninguém se feriu, e o sinkhole foi consertado em menos de uma semana. Especialistas identificaram o problema como uma falha de engenharia, além das constantes chuvas e do movimento das marés.
No Brasil, casos de vazios de superfície também não são raros, principalmente em regiões serranas e chuvosas. Na comunidade do Contorno, em Petrópolis, logo ao lado da BR-040, um sinkhole se formou depois de um período forte de chuvas, sendo que uma casa inteira acabou cedendo junto com o solo. Recentemente, um sinkhole foi detectado em Coromandel, no estado de Goiás: uma cratera de 30 metros de largura “engoliu” parte de uma lavoura, sendo que a região não se encontra em desníveis, como o caso de Petrópolis.
Os sinkholes mais propensos a acontecer em ambientes cársicos, ou seja, aqueles que apresentam dissolução química das rochas, especialmente o calcária. Os ambientes cársicos são propícios à erosão e a corrosão, formando túneis e galerias por baixo do solo por conta desses processos. Quando cargas são aplicadas na superfície e o processo de corrosão continua com a ocorrência de chuvas intensas, surgem os vazios de superfície.
O processo de corrosão explica a maioria dos problemas com vazios de superfície, podendo ocorrer por causas naturais. Mas a ação humana é um grande catalisador do aparecimento dos vazios de superfície. O lixo e a carga das casas e prédios construídos na região junto a um ambiente cársico já fragilizado pode produzir vazios de superfície a qualquer momento e pressão vinda da superfície torna os sinkholes apenas uma questão de tempo.
Fonte – Extra