O escritor e analista político, Marcelo Bastos, ao EXTRA, realizou uma análise sobre o primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma entrevista exclusiva, Bastos abordou diversos aspectos, alertando sobre a possível influência das eleições municipais no cenário político nacional.
Durante a entrevista, Bastos destacou que as eleições municipais terão um impacto significativo no governo federal em 2024, indicando a importância de observar atentamente os resultados para entender as tendências políticas em jogo.
Ele enfatizou que o desempenho dos candidatos apoiados pelo governo pode ser fundamento para a estabilidade e a continuidade das políticas adotadas pela administração do governo federal.
Além disso, Marcelo Bastos trouxe à tona sua preocupação em relação ao papel desempenhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), no atual cenário político. Segundo o analista, Lira tem se mostrado alinhado às estratégias do governo petista.
CONFIRA
EXTRA ALAGOAS – Como o senhor avalia o primeiro ano de mandato do Governo Lula?
MARCELO BASTOS – Todo o primeiro ano de governo é o ano do ajuste é do governante tomando pé da situação que o país está vivendo. Lula teve um grande feito, agora no final do ano, que foi a reforma tributária, uma luta de praticamente 30 anos. Queira ou não, isso é mérito também do Governo Lula. Apesar de Lula não ter uma maioria nem na Câmara e nem no Senado, teve competência junto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao presidente da Câmara, Arthur Lira, para conseguir aprovar a reforma. Outro ponto positivo também foi a diminuição do desemprego e um pequeno crescimento da economia do país. Lula procura pacificar o país, que está dividido, o que não é fácil.
EA – Acredita que 2024 será mais leve para o presidente?
MB – Isso vai depender muito dos resultados das eleições municipais, de outubro de 2024. Vai depender se ele conseguir eleger prefeitos em grandes colégios eleitorais do país, como Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Recife (PE). Ano de eleição é complicado porque o país fica focado mais no pleito municipal, que vai refletir diretamente nas eleições de 2026. Mas, acho que com essa aprovação da reforma tributária, que era uma coisa muito importante, Lula pode ter até um ano de governo mais leve. Agora, se ele perder nos grandes centros eleitorais do país, pode haver um desgaste.
EA – Considera que Arthur Lira começou a jogar mais a favor de Lula?
MB – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), desde quando o Lula foi eleito, já começou a desatrelar a relação próxima que ele tinha com o Bolsonaro e se aproximar do Governo Lula. Isso é normal, é de praxe do Centrão. Com a reforma tributária e outras questões, que foi imprescindível a participação do Arthur Lira para aprovar e conseguir que o Lula tivesse a maioria na Câmara, existia uma aproximação que se estreitou a relação de Lira com o presidente, não tenho dúvida nenhuma.
EA – O que Janja pode fazer, como primeira-dama, para aprimorar, se for o caso, o Governo Lula?
MB – A turma da oposição tem um verdadeiro pavor da Janja. Acredito que Maria Letícia, esposa de Lula já falecida, teria mais condições de se aproximar das primeiras-damas dos governadores estaduais, dos movimentos mais progressistas, já que era militante do próprio PT. A Janja também já tinha participado de movimentos políticos, mas muitas vezes, quer intervir nas decisões do presidente criando um mal-estar. Existem setores do PT que não gostam dela, inclusive. Acho que ela atrapalha um pouco quando participa de questões em situações nas quais geralmente as primeiras-damas não interviam.
EA – Segundo estatísticas e levantamentos, o primeiro ano de Lula apresentou resultados positivos. Acredita que a sociedade começou a sentir as mudanças?
MB – Tivemos um leve crescimento do PIB do país e a redução do desemprego, além da reforma tributária, que deu uma tranquilidade aos grandes investidores. Acho que a queda da inflação, do desemprego e o leve crescimento do país em 2023 refletem positivamente no governo, na sociedade e nos investidores.
Fonte – Extra