A vitória da esquerda na França, independente de ideologia, retrata uma jogada de gênio na estratégia eleitoral; e que em nada se parece com a adotada pelo Lula, no segundo turno de 2022, para derrotar a reeleição de Bolsonaro. O que houve no Brasil, naquele momento, foi uma escolha de lado pelo status quo da política, da imprensa tradicional e de entidades organizadas já no segundo turno, onde só poderia escolher um dos dois lados.
Na França, é diferente. Primeiro pela eleição parlamentar em dois turnos. Os “deputados” disputam as eleições em turnos separados. Depois da derrota no 1° turno e de todas as projeções indicarem a vitória esmagadora da extrema direita, o que fez Emanoel Macron para evitá-la?
Primeiro, entregou os anéis. Antecipou uma derrota do seu partido político para alguém mais palatável (ao paladar dele, claro), convenceu a grande parte dos candidatos (desde a extrema esquerda até a centro-direita) a simplesmente desistir da disputa, depois montou palanques suprapartidários, com personalidades pops da música, cinema e esportes para criar uma mobilização quase que global.
No fim, ele escolheu a derrota que queria para plantar o seu retorno (2ª fase do plano, que só saberemos no futuro se terá êxito). Mas teve uma enorme vitória ao derrotar os seus opositores que estão tomando conta de toda Europa, e a França não seria diferente.
Trazendo agora essa estratégia para o Brasil. Como essas estratégias podem ser empregadas em eleições municipais brasileiras, em outubro, ou nas nacionais de 2026?
Até as derrotas na política precisam ser planejadas. O alvo, às vezes, está mais longe e o adversário de hoje é o aliado de amanhã ou vice-versa.
Por Davi Maia