Antes de decidir quais ministérios e estatais serão distribuídos a partidos do Centrão, o presidente Lula pediu a seus auxiliares um diagnóstico sobre o impacto da chegada dos novos aliados, especialmente nas disputas estaduais. Uma de suas preocupações é não inchar a base governista com adversários locais, o que poderia causar instabilidade no grupo. Outra é saber de antemão se a adesão de novatos pode causar insatisfação e até a saída de aliados mais antigos, um efeito colateral que o petista quer evitar.
Hoje, o governo já lida com problemas desse tipo. Tratado como aliado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é adversário em Alagoas do senador Renan Calheiros, parceiro de longa data de Lula. Como precisa de ambos no Congresso, o Palácio do Planalto faz o que pode para não melindrar os dois. Não é um caso isolado.
Depois de ter a sua demissão pedida pelo Centrão, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, procurou o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, seu oponente na política baiana, para conversar. Aparentemente, os dois selaram um armistício, e tanto o deputado como o partido estão cada vez mais próximos do governo.
“Eu quero conversar com o Arthur Lira, mas eu tenho que conversar com o Renan. É um exemplo que ficou bem patente. Não é achar que está resolvido, porque pode ganhar de um lado e perder do outro”, diz o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, um dos encarregados de fazer o mapeamento. “Em cada região, qual é o efeito colateral? Se você não conversar com os dois lados, às vezes ganha um e às vezes perde dois.”
O governo sabe que não receberá o apoio formal de PP e Republicanos, mas acredita que, caso a parceria com o Centrão seja fechada, sua base na Câmara pelo menos dobrará de tamanho, chegando, na previsão mais conservadora, a 280 de 513 deputados.
Fonte – VEJA