O dólar iniciou a semana em alta, refletindo o clima de cautela entre investidores devido à ausência de um plano de cortes de gastos públicos por parte do governo. Desde o fim das eleições municipais, o mercado espera que o governo federal apresente um pacote de contenção de despesas para garantir o cumprimento das metas fiscais, mas a demora está levando investidores a buscar segurança no dólar, o que valoriza a moeda americana em relação ao real.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia sinalizado que o anúncio das medidas estava próximo, mas o governo segue ajustando detalhes e ainda deve apresentar o plano para avaliação dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Enquanto o mercado aguarda definições, o Banco Central divulgou hoje o saldo do setor público, que apresentou um déficit primário de R$ 7,34 bilhões em setembro, embora a dívida pública tenha registrado leve queda, agora representando 78,3% do PIB.
Incerteza Faz Dólar Subir e Afeta Projeções Econômicas
A insegurança sobre o compromisso do governo com as metas fiscais está elevando a cotação do dólar. Por volta das 10h15, a moeda americana estava cotada a R$ 5,8128, com alta de 1,32% em relação ao fechamento da última sexta-feira. A cotação reflete as incertezas sobre os rumos fiscais e a inflação futura, que está acima da meta estabelecida pelo Banco Central. No Boletim Focus divulgado hoje, as projeções para a inflação de 2024 foram ajustadas para 4,62%, superando o teto da meta, o que adiciona mais pressão sobre o cenário econômico.
Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também operava em queda, refletindo o impacto da alta do dólar e a percepção de risco no mercado. Às 10h15, o índice registrava recuo de 0,37%.
Atraso no Plano Fiscal Eleva Pressão Sobre o Real e Juros
Sem um plano fiscal claro, o mercado receia que o governo não cumpra o arcabouço fiscal, aumentando a necessidade de juros mais altos e valorizando o dólar, uma vez que investidores buscam segurança em ativos estrangeiros. Na última semana, o Banco Central elevou a taxa Selic para 11,25% ao ano e já há previsões de novas altas devido ao avanço da inflação.
Na sexta-feira (8), o IBGE divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, pressionado pelo custo da energia elétrica e dos alimentos, itens fortemente impactados pelo dólar. A expectativa é de que a manutenção do dólar elevado continue afetando preços em setores que dependem de insumos e produtos importados, gerando um efeito cascata que pressiona a inflação doméstica.
O mercado financeiro segue aguardando que o governo sinalize, de maneira mais clara e com prazos definidos, como pretende reduzir os gastos.