
O dólar abriu o pregão desta quinta-feira (19) em leve baixa, mas reverteu a trajetória e fechou em alta, alcançando R$ 6,30, um novo recorde histórico. No início das negociações, às 9h02, a moeda americana recuava 0,33%, cotada a R$ 6,24, mas oscilou durante o dia. Na véspera, havia encerrado o pregão a R$ 6,26, com uma alta de 2,82%, a maior desde novembro de 2022, quando subiu 4,10%.
O aumento do câmbio ocorre em meio a incertezas sobre o pacote fiscal do governo federal, que está em tramitação no Congresso. Para tentar conter a valorização do dólar, o Banco Central (BC) realizou um novo leilão de venda à vista, totalizando US$ 3 bilhões em seis propostas aceitas. Essa foi a quinta intervenção do BC no mercado cambial em menos de uma semana, somando aproximadamente US$ 5,7 bilhões no período.
Em 2024, o real acumula uma desvalorização de 21,52% frente ao dólar, segundo o dólar Ptax, índice calculado pelo Banco Central. Esse desempenho coloca a moeda brasileira entre os piores em relação ao dólar nos últimos 25 anos, se aproximando do cenário registrado em 2020, no auge da pandemia, quando o real recuou 22,44%.
“O momento atual reflete um cenário de pressão cambial persistente e desafios econômicos, com diferenças mínimas em relação ao desempenho histórico de 2020”, afirma Einar Rivero, sócio da consultoria Elos Ayta.
A alta do dólar está sendo atribuída tanto a fatores externos quanto a pressões internas. No cenário internacional, as incertezas são impulsionadas por:
- Juros americanos: A recente decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para uma faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, gerou instabilidade.
- Política dos EUA: A reeleição de Donald Trump também adicionou volatilidade ao mercado.
Internamente, o foco está na especulação sobre o pacote fiscal do governo federal, que propõe cortes de gastos para equilibrar o orçamento. O mercado financeiro aguarda definições sobre o impacto e a aprovação do projeto no Congresso, o que tem elevado a pressão sobre o câmbio.
A alta do dólar e a desvalorização do real geram preocupação devido a seus impactos na economia, como o aumento dos preços de produtos importados, combustíveis e insumos industriais. Economistas alertam que, sem medidas concretas para estabilizar o câmbio, o cenário poderá prejudicar ainda mais o poder de compra dos brasileiros e dificultar a recuperação econômica sustentável.
O mercado agora aguarda as próximas movimentações do governo e do Banco Central para avaliar se as intervenções no câmbio e os ajustes fiscais conseguirão conter a escalada do dólar nos próximos dias.