O deputado federal Marx Beltrão (PP) afirmou nesta quarta-feira (19) que a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil pode ser benéfica para parte da população, mas terá um impacto restrito para a maioria dos brasileiros. Segundo o parlamentar, o problema central da economia não está na tabela do IR, mas sim na perda do poder de compra dos salários devido à alta dos preços nos últimos anos.
“Não adianta apenas aumentar a faixa de isenção do IR. O que precisamos é fortalecer o poder aquisitivo da população, controlar a inflação e garantir que aqueles que vivem com um ou dois salários-mínimos possam consumir, aquecendo o comércio e os serviços, gerando demanda para a indústria e impulsionando o crescimento econômico de verdade”, declarou Beltrão, que está hospitalizado em São Paulo, se recuperando de uma cirurgia ortopédica na coluna.
O deputado também comparou a isenção do IR ao crescimento do PIB, destacando que indicadores econômicos positivos nem sempre refletem melhorias na vida da população. “O povo não come PIB. O crescimento da economia só faz sentido se vier acompanhado de maior distribuição de renda, combate efetivo à pobreza e garantias mínimas para os trabalhadores. O que temos visto nos últimos anos é o peso da inflação nos supermercados, dificultando a vida da população de baixa renda”, reforçou.
A proposta do governo federal, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (18), prevê que a isenção do IR resulte em uma renúncia fiscal de R$ 25,84 bilhões. Para compensar essa perda, será implementada a taxação de cerca de 141,3 mil pessoas que ganham mais de R$ 50 mil por mês – um grupo que representa apenas 0,13% dos contribuintes do país. Além disso, o governo pretende tributar remessas de dividendos para o exterior, desde que destinadas a cidadãos estrangeiros.
O projeto já foi encaminhado ao Congresso Nacional e deve passar por debates antes de uma possível aprovação.