Em uma tentativa de enfrentar práticas suspeitas no sistema judicial brasileiro, o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União) intensifica esforços para viabilizar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo é investigar denúncias de corrupção, como a venda de sentenças, que têm colocado em xeque a confiança no Judiciário.
Apesar de ter coletado 111 assinaturas, das quais 108 são consideradas válidas, o parlamentar ainda enfrenta dificuldades para alcançar o mínimo necessário de 171 adesões. Em Alagoas, nenhum representante da bancada federal declarou apoio ao projeto. “Fiscalizar o Judiciário é um desafio que exige coragem, pois muitos temem represálias”, afirmou Alfredo Gaspar, destacando os obstáculos políticos envolvidos.
Crise de confiança no Judiciário
O deputado argumenta que o avanço da CPI é crucial para preservar a credibilidade das instituições judiciais. Ele critica o impacto das denúncias de corrupção no Judiciário e aponta a necessidade de transparência. “Não podemos aceitar que práticas ilícitas destruam a confiança da população. A CPI busca não só investigar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, mas também restaurar o papel exemplar que o Judiciário deveria exercer”, disse.
O pedido de abertura da CPI cita casos emblemáticos de outros estados como exemplos da gravidade da situação, mas Alagoas também possui um histórico de denúncias no Judiciário. Entre os episódios, está a operação da Polícia Federal em 2021 que investigou venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Alagoas, envolvendo o desembargador Celyrio Adamastor.
Outro episódio relevante ocorreu em 2010, quando um servidor do gabinete do então desembargador Washington Luiz foi preso sob suspeita de integrar um esquema de corrupção. Em 2022, Washington Luiz foi aposentado compulsoriamente após ser acusado de favorecer indevidamente uma prefeitura durante um plantão judiciário.
Um movimento estratégico
No primeiro mandato como deputado federal, Alfredo Gaspar, que já foi Procurador Geral de Justiça de Alagoas e secretário de Segurança Pública, utiliza a pauta da CPI como parte de sua estratégia política para se consolidar como uma voz da direita no estado.
“Esse trabalho é sobre resgatar o respeito e a dignidade de um dos pilares da democracia. O Judiciário precisa ser íntegro. Para aqueles que vendem sentenças, o lugar é a cadeia”, declarou Gaspar, reforçando seu compromisso com o combate à corrupção.
Enquanto tenta ampliar a adesão ao requerimento, Gaspar sabe que o sucesso da proposta depende de um movimento nacional de pressão e conscientização. Para ele, a instalação da CPI não é apenas uma questão de investigação, mas também de fortalecer a democracia brasileira em tempos de descrédito institucional.