Depois de prestar depoimento formal para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em processo que move contra o procurador da República Deltan Dallagnol, no último dia 27 de julho, o senador por Alagoas Renan Calheiros (MDB) conversou com a reportagem do site ConJur, por telefone, de Maceió.
O senador afirmou — com base em uma série de manifestações públicas do procurador — que Deltan trabalhou para impedir a sua eleição para o comando do Senado em 2019. O pleito acabou vencido por Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Ele fez publicações quase diárias, fez campanha pelo voto aberto, disse que minha vitória seria um retrocesso no combate à corrupção”, afirmou.
“O que aconteceu no meu caso foi uma odiosa perseguição. Eu sempre defendi toda e qualquer operação. Principalmente a Lava Jato, pelos relevantes serviços ao país, mas me posicionei contra sempre que essa operação cometeu excessos e priorizou objetivos políticos eleitorais. Da mesma forma que nós disponibilizamos leis para o combate à corrupção, fizemos leis para combater esses abusos. Não aprovamos as dez medidas de combate à corrupção, o fim do Habeas Corpus e a validação de prova ilegal”, disse.
“Prestei depoimento e pedi agilidade processual. Porque entramos com uma representação que tem materialidade. Acredito que seja a primeira vez na história da República que se comprova a utilização do Ministério Público com interesses políticos eleitorais. Alguém (Deltan) que não respeita a vedação constitucional e interfere em outro poder. Falei sobre os fatos, sobre as provas contidas na representação e respondi a perguntas do MP e do advogado da outra parte”.
E destacou: “Essa representação que eu fiz é anterior às revelações feitas pelo The Intercept Brasil, que só aconteceram quatro meses depois. Tudo que a representação contém se mostrou comprovado com as revelações da “vaza jato”. O fato de que alguns representantes do Ministério Público tinham projetos políticos, que queriam apresentar ao menos um candidato ao Senado em cada Estado, que se apropriaram de R$ 2,7 bilhões que já estavam nos cofres da fundação de Curitiba em benefício próprio e que contou com a cooperação ilegal de outros países na investigação que comprometeu o interesse nacional”.
Fonte – Extra