A Defesa Civil de Maceió sinaliza a possibilidade de retorno do VLT aos bairros afetados pelo afundamento do solo, após apresentar um estudo técnico com recomendações para a retomada da operação. Com base em estudos e tecnologias japonesas, a Defesa Civil sinaliza a possibilidade de retomada do VLT nas áreas afetadas, após identificar soluções técnicas para garantir a segurança da operação.
“A suspensão da utilização dessa região para a passagem do trem afetou também a vida e rotina de muitos trabalhadores que utilizavam esse meio de transporte. E, em busca de tecnologias para minimizar esses impactos, encontramos formas para esse retorno, com segurança que é o mais importante”, ressaltou Abelardo Nobre, coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió.
Uma delegação da Defesa Civil de Maceió viajou ao Japão em novembro para estudar as melhores práticas em gestão de emergências ferroviárias, com foco em áreas sísmicas. A equipe visitou o Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo (MLIT) e o Railroad Technical Research Institute.
Acompanhados por técnicos da CBTU, os representantes da Defesa Civil de Maceió tiveram a oportunidade de conhecer, in loco, o funcionamento do sistema ferroviário japonês e os protocolos de comunicação utilizados em situações de emergência, aprendendo com um dos países mais preparados para lidar com eventos sísmicos.
“Essas tecnologias já são utilizadas no Japão e trouxeram resultados satisfatórios para o país. E queremos utilizá-las aqui em Maceió para que os impactos desse desastre possam, na medida do possível, serem minimizados”, acrescentou Abelardo Nobre.
Para garantir a retomada segura do VLT, a Defesa Civil estabeleceu um conjunto de normas rigorosas que devem ser cumpridas à risca.
Veja abaixo quais são as principais recomendações:
1. É imprescindível a conclusão das obras de estabilização e contenção da encosta do Mutange, visando mitigar o risco de movimentação de massa na região;
2. Os trilhos situados no trecho da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro devem ser equipados com tecnologias de mitigação de riscos operacionais e monitoramento em tempo real, permitindo a detecção de alterações em sua geometria e deformações na região dos dormentes, a fim de garantir uma operação segura para os usuários do Veículo Leve sobre Trilho (VLT);
3. Considerando os dados de monitoramento e os estudos realizados, que indicam a correlação positiva entre a redução da velocidade de deslocamento e as atividades de preenchimento das cavidades com areia (backfilling), torna-se evidente a necessidade de continuidade no enchimento das cavidades 20/21, 27, 15 e demais cavidades necessárias para dar segurança à passagem do trem;
4. O trecho da linha férrea localizado na Av. Major Cícero de Góes Monteiro, entre o antigo Colégio Bom Conselho e a ladeira da Gruta do Padre Cícero Romão Batista, independentemente da operação, deverá permanecer sob monitoramento contínuo realizado pela Defesa Civil de Maceió e demais órgãos competentes.
Uso temporário e monitorado
A retomada da circulação do trem na região só será autorizada após a implementação rigorosa de todas as medidas de segurança estabelecidas pela CBTU, com a devida aprovação da Defesa Civil de Maceió.
“O uso do local será momentâneo, somente por um curto espaço de tempo, que é o tempo de passagem do trem pela região. Não serão construídas paradas de trem em todo o trecho dentro dos bairros afetados. A política do desastre não nos permite viabilizar o retorno de construções que ocupem a região de forma permanente”, explicou o coordenador-geral do órgão.
Com a implementação de um sistema de monitoramento de última geração, que acompanhará a região de forma ininterrupta, o trem poderá retornar aos bairros do Mutange e Bebedouro, desde que todas as medidas de segurança indicadas sejam rigorosamente cumpridas.
Após mais de um ano de análises e discussões entre os órgãos competentes, um parecer técnico com recomendações para a retomada da linha férrea será enviado à CBTU até a próxima segunda-feira. A companhia iniciará, então, as tratativas com a mineradora Braskem para a execução das medidas indicadas. A estimativa é que a operação ferroviária seja retomada na região em 2027.
“Mesmo com esse tempo que ainda será necessário para este retorno, é uma notícia muito boa e uma vitória para nós conseguirmos adequar um sistema que trará segurança para quem vai utilizar o VLT, e o principal que é devolver a mobilidade urbana, ainda que parcialmente, a esta região”, finalizou Abelardo Nobre.