Sem visão política e com baixa capacidade de avaliar situações para montar um projeto eleitoral, antes de tomar decisões, o ex-deputado estadual Davi Davino Filho emite sinais de que está pronto para mais uma batalha majoritária, e novamente tendo como meta conquistar uma vaga no Sanado Federal.
Com essa disposição, ele acaba de romper com o deputado federal Artur Lira e largar o Partido Progressistas (PP), ingressando no Republicanos para entrar na disputa senatorial, um passo dado após conversar com o prefeito JHC em Brasília.
Jovem, ‘bom de urna’, mas sem força política no interior do Estado, Davi Filho parece decidido a disputar uma das duas vagas que, nesse momento, têm como pretendentes e prováveis postulantes o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado Artur Lira (PP), com quem Davino conviveu nos últimos anos.
Com capital político para reconquistar um mandato de deputado estadual ou mesmo abocanhar um de federal, sem correr riscos, o que estaria induzindo Davi Filho a entrar na majoritária ao Senado? As principais possibilidades são:
– Uma aliança com JHC, possível candidato a governador.
– Como são duas vagas, uma poderia ser justamente dele.
– Renan Calheiros é forte, mas Lira perdeu força após deixar a presidência da Câmara dos Deputados.
São situações compatíveis com uma avaliação realista, certo, mas dissociada do quadro eleitoral central que se desenha para 2026, com o predomínio de um bloco político concentrando um poderio jamais visto em Alagoas. Senão, vejamos:
Com cerca de 90 prefeitos e vice-prefeitos, maioria folgada dos vereadores (mais de 400 só do MDB), mais de dois terços dos deputados estaduais, uma frente partidária poderosa, tudo isso e mais o apoio do governo federal, as forças governistas entrarão na disputa do próximo ano com potencial para eleger Renan Filho governador, renovar o mandato do senador Renan Calheiros e, se for o caso, brigar pela segunda vaga na Câmara Alta, isso para falar apenas no terreno majoritário.
Se não quiser correr risco mais uma vez, Davi Filho terá de aprender lições com o melhor dos professores: o passado.
Em 2020, no melhor momento de sua então incipiente carreira política, então deputado estadual, ele saiu candidato a prefeito de Maceió e nem foi para o segundo turno, acabou em terceiro.
Alfredo Gaspar, à época no MDB, ficou em primeiro, mas perdeu no segundo turno para João Henrique Caldas, o mesmo JHC que Davi Filho, então, acusou de fazer “jogada de marketing” ao se dizer indignado com a situação das vítimas do desastre ambiental do Pinheiro, já que – afirmou – havia recebido dinheiro da Braskem para sua campanha eleitoral.
Em passado um pouco mais recente – eleições de 2022 – Davino saiu candidato ao Senado, enfrentando diretamente o ex-governador Renan Filho (MDB), e perdeu, ficando sem mandato, mas ganhando um cargo político do ex-desafeto JHC. Estava em jogo apenas uma cadeira no Senado.
Pode estar animando Davi Filho o fato de ter obtido 612 mil votos (contra 813 mil de Renan), mas os números teriam sido outros – vantagem bem maior que os 200 mil votos registrados – não fosse a campanha difamatória armada contra Paulo Dantas, com ajuda de um inquérito da PF e uma mãozinha da ministra Laurita Vaz, que, arbitrariamente, afastou o governador alagoano do cargo (depois reconduzido pelo Supremo Tribunal Federal).
Não fosse o episódio, a vantagem final de Dantas de 70 mil votos teria passado dos 400 mil, enquanto Renan Filho teria massacrado Davino com um volume de votos ainda maior, pois na véspera do pleito as pesquisas mostravam o ex-governador com 65% das intenções de voto contra 28%.
São lições irretocáveis do ‘mestre passado’, fazendo lembrar, também, que Davi Filho tem tanto voto fora de Maceió quanto o próprio JHC.
Fonte: Blog do Romero – Jornal de Alagoas