O prefeito João Henrique Caldas tem pela frente um desafio dos bons. Será ele a decidir praticaente só o destino de R$ 1,7 bilhão que a Braskem vai pagar à prefeitura de Maceió após um acordo assinado nesta sexta-feira (21/7).
O que você faria com esse dinheiro todo se fosse o prefeito da capital? Hospitais? Creches? Mobilidade urbana?
Maceió é a única capital do Brasil sem um hospital público municipal, tem a pior cobertura do PSF (Programa de Saúde da Família) e está também no topo da pirâmide quando se fala em deficit de vagas no ensino para a primeira infância.
Na prática, a cada 100 crianças entre 0 e 3 anos que precisam de creche na capital, menos de 40 conseguem uma vaga em equipamentos públicos.
E o que dizer do trânsito da capital, que começa a ser “equiparado”, quando se fala em perda de tempo ou demora de deslocamento do trabalhador, com São Paulo?
JHC tem pela frente várias escolhas, várias possibilidades. Com R$ 1,7 bi em caixa pode resolver qualquer um destes problemas. É dinheiro suficiente para construir e manter um, dois, três e até quatro ou mais hospitais. Dá para construir tantas creches quanto forem necessárias para zerar o deficit.
Também seria possível construir uma nova Fernandes Lima, uma nova Via Expressa ou quem sabe o VLT ligando a parte alta a parte baixa da cidade. Imagina quantas horas de vida o maceioense ganharia com um trânsito fluindo sem engarrafamentos.
Com esse dinheiro seria possível revitalizar áreas da cidade a exemplo do Centro ou até construir um novo bairro.
O que você faria se fosse o prefeito, se estivesse lá, no lugar dele? JHC certamente já sabe o que fará, embora não revele seus planos claramente.
Ele passou os últimos dois anos e meio concentrado nas negociações com a Braskem. Chegou a pedir R$ 4 bi de indenização. O valor que conseguiu é acima do esperado, tanto que o próprio JHC, sempre superlativo, trata o acordo como o maior dos maiores.
“É a maior ação de recuperação de danos ambientais da história de uma cidade: R$ 1,7 bilhão. Agora vamos criar o Fundo de Amparo ao Morador (FAM)”, anunciou o prefeito nas redes sociais.
JHC dá pistas de como gastará parte da indenização, mas o FAM, deve ficar com uma parte menor, bem menor.
“O FAM dará ainda mais assistência às vítimas, inclusive juridicamente”, diz JHC, para em seguida a acrescentar: “Além dele, vamos fazer o maior investimento público que a cidade já viu, porque toda a cidade perdeu muito com a tragédia e precisamos recuperá-la”.
De novo superlativo, JHC aponta para o maior programa de investimentos, mas as pistas acabam aí.
Com boas sacadas para o marketing pessoal e político, o prefeito se destacou desde o início da gestão (janeiro de 2021) por realizar sempre as mais inovadoras ou maiores festas, os monumentos “gigantes”, as “maiores” obras em determinado segmento (caso do Renasce Salgadinho) ou por “fazer o que os outros não fizeram”.
Não falta a JHC criatividade. Isso é fato. Resta saber o que ele quer, efetivamente, para seu futuro político.
Com esse dinheiro, traduz um influente analista político, JHC pode sr o que quiser. “Dá para ser governador, senador, deputado federal o que ele escolher”, resume.
É de fato muito dinheiro. E gastar tanta grana em pouco tempo não é assim tão fácil como parece. O ex-governador Renan Filho, por exemplo, conseguiu acumular mais de R$ 3 bilhões para investir em um só ano – o de 2021. “Vai faltar pedra e asfalto em Alagoas”, diziam à época seus aliados.
Renan Filho tocou ao mesmo tempo mais de 300 obras, muitas delas ainda estão sendo realizadas, foram ou serão entregues pelo seu sucessor, o governador Paulo Dantas, a exemplo da duplicação da rodovia Alagoas 220 ou de alguns hospitais.
As obras do Estado, apesar de impactantes, não deram o retorno político esperado – ao mesmo quando se fala em proporção ou tamanho de votação.
JHC terá provavelmente tempo de transformar Maceió em um “canteiro de obras” até a camapnha da sua reeleição, no próximo ano, o que certamente lhe dará vantagem no pleito municipal. Mas isso por si só não garante caminho livre para o governo.
Um outro interlocutor, que conhece o prefeito de perto, arrisca que sim, que ele será candidato a governador com boas chances de vencer em 2026, desde que seu oponente não seja Renan Filho, que marcou a gestão por ser tão superlativo quanto JHC e ao realizar o maior programa de investimentos da história de Alagoas
“Pelo que sei, ele só não será candidato ao governo se o Renan Filho”, diz o interlocutor. Sim, porque nesse caso eles vão para o debate na eleitoral base do obra por obra, investimento por investimento, mas o que vai pesar mesmo é a “força do interior”.
Enquanto JHC vai bem na capital, que tem 30% do eleitorado, Renan Filho segue liderando no interior, que tem 70%. E nesse quesito, Paulo Dantas está aí para contar quer Maceió pode muito, mas não pode tudo, quando o assunto é eleição estadual. Mas essa é outra história.
Versão oficial:
Leia na integra, o que disse JHC no Instagram:
“Assinado pela Prefeitura e a Braskem o acordo para a empresa indenizar Maceió pelo afundamento dos bairros.
É a maior ação de recuperação de danos ambientais da história de uma cidade: R$ 1,7 bilhão. Agora vamos criar o Fundo de Amparo ao Morador (FAM)
O FAM dará ainda mais assistência às vítimas, inclusive juridicamente. Além dele, vamos fazer o maior investimento público que a cidade já viu, porque toda a cidade perdeu muito com a tragédia e precisamos recuperá-la.
O afundamento começou em 2018 e os gestores da época foram omissos, não fizeram nada, e isso tinha que mudar.
É verdade que nenhum valor vai reparar o que foi destruído. Isso é incalculável. Mas com trabalho e a força do povo vamos construir um futuro melhor pra todos nós.
Fonte – Blog do Edivaldo Júnior