O alagoano defende a CPI da Braskem que está prestes a ser instalada no Senado. Mas, sabe que a comissão que vai investigar os desmandos e crimes ambientais da empresa que destruiu cinco bairros em Maceió será palco de enfrentamentos políticos entre o autor do pedido de criação da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), e Rodrigo Cunha (Podemos-AL), aliado de Arthur Lira (PP) e do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL). Essa observação foi tema da coluna Radar, da revista Veja.
A coluna mostra que o senador Calheiros exige que JHC revogue o acordo que chama de “pífio” com a Braskem. Como reparação aos danos socioambientais e econômicos da exploração de sal-gema, a petroquímica se comprometeu a pagar R$1,7 bilhão à capital alagoana.
Pelo acordo, a empresa recebeu os terrenos onde havia construído habitações, a anistia pelo afundamento do solo e a garantia de que o caso contra a empresa não será reaberto no futuro.
O acordo revolta a população da capital alagoana e deve influenciar as eleições deste ano. Porém, o senador Rodrigo Cunha apresentou uma questão de ordem contra a criação da CPI (que acabou rejeitada), alegando que a participação do rival Calheiros emedebista confundiria os papéis de “investigador e investigado”.
Ele afirmou que Calheiros teria uma suspeição para apurar a crise atual por ter sido presidente da Salgema S/A entre 1993 e 1994. Trata-se da antiga estatal que, depois de privatizada, originou a Braskem.
Ao falar sobre o cargo, Calheiros diz que, no governo de Itamar Franco, foi nomeado vice-presidente executivo da Petroquisa, uma antiga subsidiária da Petrobras.
“Como executivo da Petroquisa, eu representava a Petroquisa nas ações em todas as empresas petroquímicas. (E) eu não fui diretor, eu fui do conselho de administração de todas as empresas de que a Petroquisa participava (entre elas a Salgema S/A)”, afirma.
A biografia de Calheiros no site da Câmara dos Deputados lista todos os cargos ocupados no período. Eles não aparecem, contudo, em sua biografia na página do Senado. Até agora, pelo menos oficialmente, não há suspeição que possa colocar em risco a relatoria da CPI, que deve ficar nas mãos de Calheiros.
Fonte – Extra