O homicídio do empresário Adriano Farias, ocorrido em Junqueiro, na terça-feira passada, dia 18, repercutiu dentro da Casa de Tavares Bastos e gerou um embate entre os deputados estaduais Fernando Pereira (Progressistas) e André Silva (Republicanos). O primeiro é opositor ao prefeito Leandro Silva (PTB). O segundo é aliado do chefe do Executivo municipal da cidade do interior de Alagoas.
O deputado Fernando Pereira – um dos principais políticos da região – voltou a usar a tribuna legislativa, em sessão ordinária, para falar do caso, que tem sido apurado por uma comissão de delegados da Polícia Civil de Alagoas.
Pereira voltou a citar a possibilidade de “motivação política” e – nas entrelinhas – acusou os adversários políticos de seu grupo na cidade, o que incomodou o também deputado estadual André Silva, colocando os dois em “rota de colisão” dentro do parlamento estadual, com acusações de violências políticas de ambas as partes em relação aos grupos aos quais pertence.
Fernando Pereira iniciou sua fala agradecendo as iniciativas tomadas pelo governador Paulo Dantas (MDB) e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Alagoas, que deu atenção especial ao caso, criando uma comissão de delegados.
“Ele (Adriano Farias) já vinha sofrendo ameaças, segundo familiares da vítima, pelas postagens que fez nas redes sociais”, colocou Pereira. De acordo com ele, as denúncias se dão por conta de críticas a um dos funcionários da Prefeitura de Junqueiro ligado ao prefeito da cidade, Leandro Silva.
De acordo com Pereira, há um “clima de medo” na cidade por conta do grupo político que se encontra na Prefeitura da cidade. “Estarei atento e na forma que nos cabe, no exercício do mandato, vou manter a sociedade informada da atuação do Executivo, porque política local fazemos nas ruas e nos palanques eleitores em Junqueiro e em qualquer reduto eleitoral, levando e debatendo ideias para o município. Porém, o que é em defesa da sociedade é dever nosso atuar nessa Casa”.
“E pelo histórico de violência, truculência e falta de respeito ligado ao grupo político do mandatário do poder Executivo de Junqueiro, sou levado a solicitar do Estado proteção especial, garantidora, nesses meses antecedentes (às eleições) e no próprio período eleitoral, para a necessária tranquilidade e garantia do exercício da livre cidadania. E faço, porque a vítima, vinha discordando, fiscalizando e denunciando o que entende de errado na administração da Prefeitura”, colocou ainda o parlamentar do Progressistas.
O discurso de Pereira incomodou o André Silva (Republicanos), que é ligado ao grupo político do prefeito de Junqueiro (o parlamentar é irmão do chefe do Executivo). Silva disse que também esteve com o secretário de Segurança para pedir apuração rápida do crime. André Silva disse que a investigação do telefone da vítima vai “ajudar muito” a esclarecer o crime.
Para André Silva, as críticas à gestão do prefeito ajudam, negando perseguições a críticos na cidade. “O que está acontecendo aqui é uma discussão por conta do ano político. Se não fosse ano eleitoral, esse cidadão (Fernando Pereira) sequer sabia quem era Adriano Farias. Mas, como estamos há três meses da eleição e a pesquisa mostra que o pré-candidato dele não chega nem perto, ele (Fernando Pereira) com essa carinha de bom moço, com esses discursos bonitos, eu sei o que esse povo é capaz de fazer para estar no poder. Eu sei e ele sabe”, colocou.
“Quem é que não tem um passado com alguma coisa. Será que todo mundo é limpo?”, colocou André Silva.
Os parlamentares ainda trocaram farpas com sobre ações passadas de seus grupos políticos, com Pereira até citando a mãe do prefeito e do deputado estadual, o que chegou a irritar o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB)
Victor – por conta do clima criado dentro do parlamento – solicitou que parte do discurso de Pereira, em que cita a “Dona Rejane” (Rejane Maria da Silva), fosse retirado da ata oficial do registro da sessão ordinária.
Fonte: Cada Minuto