O Governo Federal enfrenta obstáculos no Congresso Nacional para conseguir aprovar o pacote de revisão de gastos públicos, uma das principais propostas da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. As dificuldades aumentaram após a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor restrições à liberação das emendas parlamentares, um tema sensível entre deputados e senadores.
Na última quarta-feira (5), as propostas entregues pela equipe econômica do Palácio do Planalto sofreram revezes logo no início da tramitação. Durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a base governista não conseguiu chegar a um acordo sobre a pauta da proposta de emenda à Constituição (PEC). Para que o projeto avance, é necessário que a admissibilidade da PEC seja aprovada na CCJ, seguida de uma análise em comissão especial antes de chegar ao plenário.
Embora haja essa pendência, líderes da base aliada indicaram que a matéria poderá ser levada diretamente ao plenário, caso seja apensada a uma PEC já em fase final de tramitação, mas esse cenário será definido apenas na próxima semana. Por outro lado, o projeto de lei (PL) e o projeto de lei complementar (PLP) conseguiram aprovação das urgências com uma margem reduzida, o PL conquistou 267 votos favoráveis, enquanto o PLP obteve 260 votos, quando eram necessários 257 para acelerar o processo.
Entraves Políticos e as Emendas Parlamentares
Nos bastidores, o tema das emendas parlamentares continua a ser o maior obstáculo. O ministro Flávio Dino liberou a execução das emendas, mas estabeleceu restrições à ampliação dos recursos destinados pelos parlamentares ao Orçamento da União. Dino também exigiu que os autores das emendas de relator-geral sejam devidamente identificados.
Essas novas regras geraram resistência e foram questionadas pela Advocacia-Geral da União (AGU), a pedido do governo. A AGU solicitou esclarecimentos sobre a aplicação das emendas de bancada, as chamadas emendas “pix” e os critérios de aumento dos recursos destinados pelas emendas. A análise dessas questões continua sendo um ponto crucial para a aprovação das propostas de revisão de gastos.
Expectativa para o Avanço das Propostas
O líder do PT na Câmara, Odair Cunha, comentou que a liberação das emendas parlamentares represadas deve facilitar a tramitação do pacote de revisão de gastos. Ele acredita que o governo está tomando as providências necessárias para resolver o impasse e que isso permitirá o fluxo normal das propostas no Congresso.
O governo, por meio do líder Randolfe Rodrigues (PT-AP), também trabalha para liberar cerca de R$ 7,8 bilhões em emendas que estão bloqueadas devido à decisão do STF. A expectativa é que esses pagamentos sejam realizados ainda nesta sexta-feira (6). No entanto, para que o PL e o PLP avancem na Câmara, é fundamental que um relator seja designado para analisar as propostas e, caso necessário, sugerir modificações aos textos. Com o recesso parlamentar se aproximando, marcado para o dia 23 de dezembro, a pressão sobre a votação aumenta.