O Censo 2022 chega trazendo números inesperados para a maioria dos municípios alagoanos. Especialmente para prefeituras que vivem dos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) – literalmente.
Os resultados apresentados pelo IBGE devem deixar a maioria dos prefeitos alagoanos com “insônia”. Isso porque o FPM, principal fonte de 10 entre 10 cidades alagoanas, é calculado a partir de vários indicadores, com peso maior para o quesito população.
De acordo com os resultados do Censo 2022, divulgados nessa quarta-feira (28/6), das 102 cidades de Alagoas, 65 municípios (64%) tiveram queda no número de habitantes – e portanto podem ter queda no repasse do FPM. Outros 12 municípios cresceram abaixo de 2% e devem continuar no mesmo patamar de receita. Outros 25 podem receber algum aumento no percentual de transferência do FPM.
No geral, o crescimento tanto de Alagoas, quanto da sua capital ficou abaixo da média nacional:
– A população de Maceió chegou a 957.916 pessoas no Censo de 2022, um aumento de 2,71% em comparação com o Censo de 2010.
– No Estado, a população é de 3.127.511, aumento de 021% quando comparado ao Censo anterior.
– A população do Brasil é de 203.062.512, aumento de 6,45% em relação a 2010.
Algumas cidades de Alagoas, no entanto, apresentaram crescimento populacional acima da média.
Maceió, em que pese ser a maior cidade de Alagoas, teve o segundo maior crescimento de população total quando comparados os dois censos: de 932.748 habitantes (2010) para 957.916 habitantes (2022), com aumento de 25.168 habitantes ou 2,7% de crescimento.
Coladinhas na capital
Coincidência ou não, a cidade que mais aumentou a população total foi Rio Largo, elevada ao posto de terceira maior de Alagoas. O número de habitantes, tanto em termos reais quanto proporcionais, cresceu mais que Maceió se comparados os dois últimos censos: de 68.481 habitantes (2010) para e 93.927 habitantes (2022), com aumento de 25.446 habitantes ou 37,16%.
Em termos absolutos, Rio Largo foi a cidade que mais cresceu em Alagoas. Mas em termos proporcionais, a campeã, com folga é uma cidade que é carinhosamente chamada, pelos mais antigos, de “Carrapato”, seu nome antes de ser emancipada.
Situada entre Maceió e Rio Largo, na região metropolitana da capital, Satuba deu um salto populacional quando se comparam os dois últimos censos: de 14.603 habitantes (2010) para 24.278 habitantes (2022) com aumento de 9.675 habitantes ou um crescimento proporcional de 66,25%.
Com esse impressionante desempenho, Satuba ultrapassa cidades tradicionais como Viçosa, Porto Calvo, Igreja Nova, Traipu e Junqueiro em termos de população.
O salto é mais impressionante quando se compara a população da cidade hoje com o censo de 2000 (12.555 habitantes). Naquele ano, Satuba era a 58a cidade alagoana em população. No censo de 2022, a cidade avança para a 24a posição.
“Coladinhas” em Maceió, Satuba e Rio Largo crescem acima da média. Mas não são as únicas nessa condição. Praticamente todas as cidades da região metropolitana tem comportamento semelhante. Mas essa é outra história.
Conheça um pouco mais da história: de Carrapato a Satuba
Antes conhecida como um povoado denominado Carrapato, Satuba basicamente era formada por algumas casas de taipas. Suas terras pertenciam à vila de Santa Luzia do Norte, e depois a Rio Largo, de onde foram desmembradas.
Seu crescimento populacional só começou mesmo com a chegada da linha férrea, fato que foi reforçado mais adiante com o surto de estradas de rodagem que ligavam a capital ao interior, principalmente no sentido do Agreste e do Sertão, onde proporcionou a implantação da primeira escola pública do povoado, que até 1950 pertencia a Rio Largo.
Após o censo os moradores começaram a lutar pela emancipação. Assim em 1960, a lei nº 2.265 estabeleceu a sua autonomia política e administrativa. Carrapato, então, teve alterado seu nome para Satuba, que segundo a professora Carmem Lúcia Dantas, “o povoado passou a ser chamado de Satuba, que se acredita ser uma corruptela de saúva, ou saúba, devido a uma espécie de formiga que muito incomodava os operários que construíam a trilha férrea da Great Western”.
Fonte – Jornal de Alagoas