O ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, participava de um grupo no WhatsApp no qual foram defendidas reações por parte de Bolsonaro e das Forças Armadas contra o resultado das eleições de 2022. Os integrantes do grupo questionaram a consequência dessas reações e até se elas descambariam para ações violentas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a Polícia Federal, responsável pelas investigações que encontraram as mensagens, entre os integrantes estavam militares da ativa. O grupo era intitulado “…Dosssss!!!”.
Em 29 de novembro do ano passado, foi enviado um documento chamado “Carta dos Oficiais Superiores da Ativa ao Comandante do Exército Brasileiro”. O material circulou à época em grupos de WhatsApp e trazia críticas ao Judiciário, ressaltando que os oficiais estão “atentos a tudo que está acontecendo”.
Os participantes, então, começaram a discutir se iriam endossar o documento e qual seria o efeito dele. “Vai ter careca sendo arrastado por blindado em Brasília?”, questionou um deles, cuja autoria não está identificada. O material da PF não traz nenhuma resposta ou reação à pergunta.
Dias dois antes, foram compartilhadas no grupo notícias sobre as aproximações entre o governo Lula e os militares e também sobre a antecipação da posse dos novos comandantes.
Após algumas reclamações, foi perguntado a um dos integrantes qual ação deveria ser tomada. “Uma ação por parte do PR [presidente da República] e FA [Forças Armadas], que espero que ocorra nos próximos dias”, respondeu um participante identificado apenas como Gian.
Já no final de dezembro, um interlocutor identificado como Márcio Resende afirma que se Bolsonaro acionasse o artigo 142 da Constituição [que, sem nenhum respaldo golpista, versa que cabe às Forças Armadas a garantia da lei e da ordem], “não haverá general que segure as tropas”. “Ou participa ou pede para sair!!!”, acrescenta Resende.
Ele ainda acrescenta: “Se a gente não tem coragem de enfrentar o cabeça de ovo e uma fraude eleitoral, vamos enfrentar quem???”.
Não há, no documento, nenhum registro da participação de Mauro Cid no grupo.
Fonte – VEJA