Nascido em Maribondo, interior do estado, a carreira profissional e política de Cícero Almeida é marcada por ascensão e uma dura queda. Um taxista que se transformou em radialista, que também passou pelo jornalismo policial e não deixando de lado uma carreira musical. Uma vez conhecido pela população, transformou-se em prefeito de Maceió duas vezes, de 2005 a 2012, e ainda foi eleito deputado estadual e federal por Alagoas. Porém, a imagem de Ciço, como é muitas vezes chamado, foi desgastada devido a acusações de corrupção e a troca constante de partidos, prática que o levou a perder a cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Nas eleições deste ano, Almeida chegou a ser cogitado pelo Democracia Cristã (DC) para disputar a Prefeitura de Maceió, embora ele tenha declarado, inicialmente, que sua vontade era de se tornar vereador pela capital. Mas um dos grandes percalços para o retorno de Ciço à política se chama Máfia do Lixo, um fantasma que até hoje tramita no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). Trata-se de uma ação penal ajuizada pelo Ministério Público do Estado (MPE) que, além de Cícero Almeida, também envolve João Vilela Santos Junior, à época superintendente da Superintendência de Limpeza Urbana (Slum), Fernando Dacal, então secretário de Finanças, os servidores públicos Lucas Queiroz Abud e José Erivaldo Arraes e o engenheiro José Carlos Valente Pontes.
O órgão fiscalizador os acusa de improbidade administrativa em decorrência de irregularidades em contratos de limpeza urbana. O esquema foi exposto em 2005 pelo então vereador Marcos Alves, falecido em 2011. Conforme estimativa, o prejuízo aos cofres do Município foi de R$ 200 milhões. Investigações do MPE, realizadas nos anos de 2005 e 2006, concluíram que, em vez de realizar licitação para contratação da empresa para realizar a coleta de lixo em Maceió, a prefeitura forjou a renúncia da Construtora Marquise S/A ao contrato vigente e fabricou uma emergência para justificar a celebração de contrato com a Viva Ambiental e Serviços Ltda. Embora tenha passado mais de uma década, recentemente a ação judicial estava à procura “de um lar”. De acordo com o magistrado Antônio Barros da Silva Lima, o processo saiu da competência da 2ª Vara Criminal da Capital devendo “ser imediatamente redistribuído à 6ª Vara Criminal da Capital”. A decisão foi proferida no dia 15 de abril.
Outra denúncia do MPE, e que tramita no Judiciário alagoano desde 2017, acusa Cícero Almeida de enriquecimento ilícito. Segundo a Promotoria de Justiça Coletiva da Fazenda Pública, há possíveis indícios de irregularidades na aquisição de imóveis rurais por parte do ex-prefeito. O Ministério Público também acionou a Justiça por mais duas vezes acusando Almeida de danos ao erário.
Almeida também foi condenado por improbidade administrativa devido a irregularidade em convênio celebrado para realização do Carnaval de 2008 na capital alagoana. Foram determinadas pela Justiça a perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos por 5 anos e proibição de contratar com o poder público. Antes de se eleger prefeito, Ciço passou pela Assembleia Legislativa. Na Casa Tavares Bastos foi acusado de participar da Máfia das Taturanas estando envolvido com empréstimos irregulares contraídos junto ao Banco Rural.
O caso, investigado pela Polícia Federal em 2007, também envolve as figuras de Antônio Albuquerque, Paulão e Celso Luiz, entre outros. O rombo causado ao erário teria chegado aos R$ 300 milhões.
Em novembro de 2016, o TJ manteve a condenação dos envolvidos. Nesse mesmo ano, concorreu novamente à Prefeitura de Maceió contra Rui Palmeira, que buscava a reeleição. Perdeu causando um grande dissabor com a Família Calheiros. No segundo turno, Rui teve 197.134 votos, o que correspondia a 46,86% dos votos válidos. Cícero recebeu 104.036 votos, o equivalente a 24,73%. Já em 2018, apesar do histórico de acusações, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL) não considerou Cícero Almeida um ficha-suja tornando-o apto a disputar o cargo de deputado estadual.
Mas Cícero não se elegeu, conseguindo pouco mais de 8.400 votos. Em Maribondo, sua terra natal, Ciço conquistou apenas o voto de cinco eleitores. Na capital, conseguiu 7.328 votos, número bem abaixo de quando foi reeleito prefeito com 81% dos votos válidos, em 2008. E a sua passagem por Brasília também não foi das melhores. Lá respondeu por infidelidade partidária ao ter trocado o PRTB pelo PSD fora da janela permitida pela legislação eleitoral. O processo fez com que Almeida perdesse o cargo em novembro de 2018, finalizando sua trajetória na Câmara Federal dois meses e meio mais cedo.
Em sua carreira política, Ciço já passou por 10 partidos: PSL, PDT, PTB, PP, PEN, PSD, PRTB, MDB, Podemos e agora DC.
Fonte – Extra