O ano de 2025 já começou com um cenário preocupante para a aviação brasileira. Em apenas seis meses, o país registrou pelo menos seis acidentes aéreos fatais, resultando na morte de 10 pessoas. Nenhuma das ocorrências envolveu voos comerciais, mas o número reforça a necessidade de maior atenção à segurança na aviação civil e executiva.
Os dados são do Painel Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira (FAB), com base em informações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). A contagem oficial ainda não inclui o mais recente acidente fatal: a queda de um avião modelo King Air na zona oeste de São Paulo, no último dia 7, que matou duas pessoas. Com isso, a atualização do sistema deverá refletir seis acidentes fatais e um total de 10 mortes.
São Paulo concentra maior número de acidentes
Três das seis tragédias aéreas registradas ocorreram em São Paulo. O caso mais recente, ocorrido na última sexta-feira (7), envolveu um avião de pequeno porte que caiu sobre a Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, pouco após decolar do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.
O acidente vitimou o advogado Márcio Louzada Carpena e o piloto Gustavo Medeiros, encontrados carbonizados na aeronave. O motivo da queda ainda não foi esclarecido, mas um áudio da torre de controle indica que o piloto pediu autorização para retornar ao aeroporto pouco antes da queda, sem emitir um alerta de emergência.
Outro caso ocorreu em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, no dia 9 de janeiro. Um jato Cessna Aircraft 525, fabricado em 2008, ultrapassou o limite da pista ao tentar pousar no aeroporto local. O impacto destruiu o alambrado, atingiu um poste e um carro antes de explodir na Praia do Cruzeiro. O piloto Paulo Seghetto morreu no local, enquanto uma família que estava na aeronave – um casal e duas crianças de 4 e 6 anos – sobreviveu, mas precisou ser hospitalizada.
A terceira tragédia em território paulista aconteceu na noite de 16 de janeiro, quando um helicóptero caiu em Caieiras, na Grande São Paulo, em meio a uma área de mata fechada, durante forte chuva. A bordo estavam o empresário André Feldman, dono da empresa de apostas online BIG – Brazil International Games, sua esposa Juliana Feldman, e sua filha de 12 anos. O casal morreu no acidente, enquanto a menina e o piloto Edenílson de Oliveira Costa foram resgatados com vida e receberam alta após atendimento médico.
Acidentes em Minas e Mato Grosso também resultam em mortes
Fora de São Paulo, o estado de Minas Gerais registrou dois acidentes fatais em 2025. O primeiro, ocorrido em 22 de janeiro, envolveu um avião agrícola que caiu durante uma manobra na zona rural, matando o piloto. Dias depois, em 27 de janeiro, um helicóptero caiu em uma fazenda em Cruzília (MG), matando três pessoas: o piloto Fernando André Ferreira, o gerente da fazenda Lúcio André Duarte, e sua esposa Elaine Moraes de Souza. A aeronave pertencia a uma empresa de pulverização, mas, no momento do acidente, era utilizada para um voo recreativo sobre a propriedade.
Já no Mato Grosso, um outro avião agrícola caiu no mês passado, matando o piloto no município de Canarana.
Aviação brasileira em alerta
Os acidentes registrados em 2025 até agora chamam a atenção para a segurança da aviação executiva e agrícola, que frequentemente opera em condições mais arriscadas do que a aviação comercial. Em 2024, o Brasil já havia enfrentado um dos anos mais letais para a aviação na última década. O acidente com um avião da Voepass, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) em agosto, contribuiu para o total de 153 vítimas fatais registradas no ano passado.
As investigações sobre os acidentes deste ano ainda estão em andamento, conduzidas pelo Cenipa, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Enquanto isso, especialistas reforçam a necessidade de aprimoramento das normas de segurança, fiscalização mais rigorosa e treinamento contínuo para pilotos e operadores de aeronaves.
Com o aumento no número de acidentes, a pergunta que fica é: o que pode ser feito para evitar que 2025 repita ou até supere o triste recorde do ano anterior?