Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém sigilo sobre os planos de sua reforma ministerial, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), atualmente comandado por Luciana Santos (PCdoB), tem se tornado o “patinho feio” das negociações entre o governo e os partidos do Centrão.
Nos bastidores, lideranças do bloco já informaram ao Palácio do Planalto que não têm interesse em trocar as pastas que ocupam atualmente pelo MCTI. A baixa atratividade política da pasta é apontada como o principal motivo para a resistência das legendas.
Segundo fontes próximas às negociações, duas alternativas estão sendo consideradas para o destino do MCTI são entregar o ministério ao PSD, retirando da sigla o comando do Ministério da Pesca, ocupado por André de Paula, e oferecer o MCTI ao União Brasil, em troca do Ministério do Turismo, atualmente liderado por Celso Sabino.
Apesar dessas possibilidades, nenhuma delas agrada aos partidos envolvidos.
No PSD, há uma insatisfação com o Ministério da Pesca, visto como de baixa capilaridade política, e a bancada não enxerga o MCTI como uma alternativa atrativa. Deputados da sigla afirmam que a pasta enfrenta dificuldades semelhantes, especialmente por não oferecer alta visibilidade em termos de recursos e projetos regionais.
Já no União Brasil, a perda do Ministério do Turismo seria um golpe estratégico, uma vez que a pasta tem maior alcance político e econômico. Além disso, o MCTI é considerado “esvaziado” pela legenda, especialmente após a criação do Ministério das Comunicações como uma estrutura independente.
Outra especulação nos bastidores é a transferência de Luciana Santos para o Ministério da Mulher, atualmente comandado por Cida Gonçalves (PT). Essa mudança abriria espaço para o Centrão assumir o comando do MCTI, caso um acordo político seja alcançado.
A articulação para a reforma ministerial reflete a busca do governo Lula por consolidar apoio político no Congresso Nacional. No entanto, a resistência das siglas do Centrão em aceitar o MCTI mostra as dificuldades de acomodar interesses políticos em meio às limitações estruturais de algumas pastas.
Enquanto isso, o Planalto segue em diálogo com os partidos para tentar destravar as negociações e garantir uma base sólida para aprovar seus projetos no Legislativo.