Lideranças do Centrão acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não iniciou a reforma ministerial de forma efetiva e destacam que ele perdeu a oportunidade de usar as mudanças na Esplanada para alinhar o grupo ao seu projeto de reeleição em 2026. Líderes de partidos aliados ao governo afirmam que, a cada dia, os representantes da base ficam menos dispostos a abandonar seus mandatos para assumir ministérios, já que a permanência no cargo pode ser inferior a um ano.
A regra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determina um prazo mínimo de seis meses para que ocupantes de cargos públicos que não concorrem à reeleição deixem seus postos caso desejem se candidatar a outros cargos eletivos. Essa norma visa garantir a igualdade de condições entre os candidatos e evitar o uso da máquina pública em benefício próprio.
O “pouco tempo” de liderança nos possíveis ministérios oferecidos pelo governo Lula fez com que o tradicional “toma lá, dá cá” se tornasse menos atraente para os parlamentares. Embora não recusem as pastas, eles apontam que as mudanças não podem vir acompanhadas de exigências de compromisso de apoio à reeleição, como o presidente esperava ao escolher a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para comandar a articulação política do Planalto como futura ministra de Relações Institucionais.
Até agora, Lula optou por realizar mudanças pontuais, alterando apenas membros do próprio PT, como a substituição do deputado Paulo Pimenta pelo marqueteiro Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom) e a transferência de Alexandre Padilha da SRI para o Ministério da Saúde.
O Centrão resiste em considerar essas modificações como uma verdadeira reforma ministerial, e os líderes afirmam que só haverá uma mudança na relação com o Planalto quando outros partidos também passarem por alterações nas suas pastas na Esplanada.
Embora as posições nos ministérios tenham se tornado menos atrativas, o Centrão ainda almeja a liderança do governo na Câmara, atualmente ocupada por José Guimarães (PT-CE). Líderes do Centrão defendem a escolha de um nome fora do partido de Lula e sugeriram Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para o cargo. No entanto, essa troca permanece incerta e dependerá das eleições internas do PT, previstas para esta sexta-feira (7).
No entendimento do Congresso, a reforma ministerial de fato só acontecerá quando Lula definir a situação de suas lideranças no Parlamento. Até lá, os parlamentares, especialmente os deputados, continuarão com um ritmo mais lento na Câmara. Eles preveem dificuldades na votação do Orçamento deste ano, uma vez que terão que aprovar as verbas das pastas sem saber ao certo quais legendas estarão à frente de cada uma ao longo do ano.
A reforma ministerial foi confirmada em janeiro pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. Naquele momento, ele havia defendido que as mudanças acontecessem até o dia 21/1, mas isso não se concretizou.