Os calheiristas terminam 2023 sem um candidato com expressão político-eleitoral para enfrentar, de igual para igual, o prefeito JHC (PL), que chega ao fim do 3º ano do seu mandato coberto de críticas num campo que, antes, ele dominava como poucos: as redes sociais.
Não foi a pesada artilharia do Palácio República dos Palmares que atingiu a gestão 1 de Jota, mas o colapso da mina 18 da Braskem, que trouxe à superfície o acordo assinado com a empresa, de R$ 1,7 bilhão, além da instalação da Comissão Especial de Inquérito (CPI) da Braskem no Senado Federal, levando duas promessas para o ano de 2024: investigar e associar o afundamento dos bairros às decisões do prefeito.
O governador Paulo Dantas (MDB) levou ao Supremo Tribunal Federal a homologação da transação extrajudicial assinada entre representantes da Prefeitura de Maceió e Braskem. Os caminhos no tapetão são longos e incertos. Certeza mesmo, dos palacistas, é que este fogo deve se manter aceso para consumir a popularidade do prefeito.
Por outro lado, o deputado Rafael Brito (MDB) – escolhido pelo senador Renan Calheiros (MDB) para chegar ao segundo turno na disputa eleitoral da capital e enfrentando o prefeito – não emplacou o próprio nome. Brito depende de uma costura ampla, do calheirismo: lançar candidatos a prefeito dos partidos que gravitam na atmosfera do governo Dantas.
Em troca, será oferecida toda a estrutura em futuras eleições.
É o caso do deputado estadual Ronaldo Medeiros. Ele deve ser o escolhido do PT para encarar as urnas de Maceió. Em troca, nas eleições de 2026 terá estrutura para concorrer a deputado federal.
O MDB tinha dois nomes, além de Rafael Brito: os deputados Alexandre Ayres e Cibele Moura. Ayres escolheu permanecer onde está, na Assembleia Legislativa. Moura terá duas eleições em 2024: a de Paripueira, onde o pai Abrahão disputa a reeleição, e a Barra de Santo Antônio, em que a mãe Manu vai tentar a volta ao poder, enfrentando a atual prefeita Lívia Carla.
Para os Moura garantirem os redutos, Cibele seguirá na Casa de Tavares Bastos.
Por exclusão, sobrou Rafael Brito, um orador ruim, com atuação inexpressiva na Câmara Federal e treinado para imitar voz e trejeitos do senador Calheiros.
É uma situação inusitada, mas, quando se olha o passado, o desempenho de Calheiros – um dos mais influentes senadores da história recente da República – em Maceió é decepcionante.
No ano de 1988, ele disputou e perdeu a eleição para a Prefeitura de Maceió, enfrentando Guilherme Palmeira (PFL). Mais à frente não disputaria diretamente o executivo municipal, mas o MDB, antes PMDB, presidido por ele, esteve em todos os pleitos:
- 1992 termina em 3º lugar (Teotonio Vilela Filho era o candidato);
- 1996 repete a colocação (abriu mão da cabeça de chapa para lançar Albérico Cordeiro, do PTB);
- 2000 chega ao 2º turno com Régis Cavalcante (PPS);
- 2008 apoia o PSDB (Solange Jurema) e novamente termina em 3º;
- fracassa em 2012 numa coligação com Ronaldo Lessa, após a candidatura dele ser negada pelo TRE;
- chega, de novo, ao 2º turno em 2016 (contra Cícero Almeida) e é derrotado;
- 2020 insiste com candidatura própria: Alfredo Gaspar de Mendonça, pulando para o 2º turno, sem sucesso. Dois anos depois, Gaspar muda para o União Brasil e é o deputado federal com maior votação em Maceió.
Talvez prevendo este cenário, o PSB deve se unir ao PDT. É provável que os dois partidos escolham apoiar um nome para a chefia do Executivo na capital, que não deve ser a filha do governador, Paula Dantas, secretária Extraordinária da Primeira Infância.
O Podemos compunha as bases dantistas mas houve mudança de rumos em Brasília: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), negociou e entregou a legenda para o senador Rodrigo Cunha, um dos principais apoiadores do prefeito Jota. Já o Solidariedade, presidido por Adeilson Bezerra, calheirista fiel e estrategista eleitoral, permanece na base do governo Dantas e quer o ex-deputado Lobão na disputa, engrossando o coro das críticas a JHC.
Com tantos candidatos, mais tempo de televisão, redes sociais ativas e enfrentamento nos debates, é quase impossível JHC vencer, de lavada, a votação logo no primeiro turno. É quando Rafael Brito, apoiado pelo amplo leque de partidos governistas mais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve pousar no 2º turno.
Fonte – Extra