A Braskem, empresa envolvida no afundamento do solo em cinco bairros de Maceió, está propondo um acordo que visa proibir qualquer manifestação contra a petroquímica em um raio de 10 km ao redor de suas instalações. A proposta inclui a proibição de ameaças ou ações que obstruam, interditem ou dificultem o acesso a vias públicas nas áreas próximas às plantas industriais, escritórios administrativos ou quaisquer outras propriedades da empresa.
Em dezembro de 2021, a Braskem processou lideranças responsáveis por um ato pacífico realizado na porta da empresa. Atualmente, a Justiça de Alagoas está intimando líderes políticos e religiosos sobre um possível interdito A proposta estipula uma multa diária de R$ 10.000,00 para cada parte que infrinja as regras acordadas. Esse valor seria aplicado individualmente.
Em entrevista ao portal 082 Notícias, o jornalista Alexandre Sampaio, que também foi intimado, criticou a proposta. Ele destacou que a cláusula responsabiliza os signatários por quaisquer manifestações que possam “atrapalhar a Braskem”. Alexandre considera a medida perigosa e inviável, já que a área abrangida pelo acordo engloba quase toda a cidade de Maceió.
“Proibir qualquer via fechada a 10 quilômetros de distância de qualquer uma das plantas da Braskem significa que não se pode fazer nada dentro da cidade de Maceió. Quer dizer que se a gente fizer um ato na Praça do Centenário, atrapalha a Braskem. Se fizer um ato na Ponta Verde, atrapalha a Braskem. Então, é simplesmente inviável isso, eu jamais assinaria um negócio desse”, afirmou Alexandre.
A proposta da Braskem levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e o direito de manifestação, especialmente em uma área urbana tão extensa como Maceió. A negociação e suas implicações continuam a ser acompanhadas de perto por lideranças comunitárias e a sociedade civil.