Nas últimas semanas, o norte da China tem registrado um aumento expressivo de casos de metapneumovírus humano (HMPV), um vírus respiratório conhecido por causar sintomas gripais. Autoridades locais reforçaram alertas para adoção de medidas de higiene e saúde, mas descartaram rumores sobre hospitais lotados e afastaram temores de uma nova pandemia nos moldes da Covid-19.
Embora o metapneumovírus não seja uma novidade científica, sua circulação mais intensa tem despertado atenção. Pertencente à mesma família do vírus respiratório-sincicial (VSR) — principal responsável por internações de crianças com bronquiolite ou bronquite —, o HMPV foi identificado pela primeira vez na Holanda, em 2001. Desde então, ele foi registrado em diversos países, incluindo o Brasil, onde foi detectado em 2004 e se tornou bastante prevalente.
Situação atual e vigilância no Brasil
O Ministério da Saúde acompanha o cenário com atenção e mantém contato com autoridades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e representantes da China. No entanto, ainda não há indícios de um alerta global. “A vigilância epidemiológica brasileira está preparada para monitorar qualquer mudança no comportamento do vírus”, informou a pasta.
De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC) da China, a intensidade do surto atual é menor do que a observada no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, virologistas apontam que é essencial investigar se o aumento repentino de casos pode estar relacionado a mutações que potencializem a transmissibilidade do HMPV.
Prevalência e impacto no Brasil
O virologista Flavio Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que o HMPV já circula amplamente no Brasil, com prevalência variando entre 19% e 50%, dependendo da região. “A população mundial já apresenta uma certa imunidade natural contra o vírus, o que torna improvável que ele desencadeie uma pandemia semelhante à da Covid-19”, afirma Fonseca.
Embora a maioria das infecções seja leve, crianças, idosos e pessoas com imunossupressão apresentam maior risco de complicações, como bronquite e pneumonia. Por isso, é importante que o aumento de casos na China seja analisado com cautela.
Sintomas e formas de transmissão
Os sintomas mais comuns associados ao HMPV incluem:
• Tosse;
• Febre;
• Congestão nasal;
• Falta de ar.
Em casos mais graves, o quadro pode evoluir para infecções respiratórias como bronquite ou pneumonia. O vírus é transmitido de forma semelhante a outros vírus respiratórios, como a gripe e o VSR:
• Contato direto com secreções (tosse e espirros);
• Toque em superfícies contaminadas e, em seguida, no rosto (boca, nariz ou olhos);
• Contato próximo com pessoas infectadas.
O período de incubação varia de 3 a 6 dias, e a duração dos sintomas depende da gravidade da infecção.
Tratamento e prevenção
Ainda não há vacina ou tratamento específico para o metapneumovírus. As orientações médicas se concentram no alívio dos sintomas:
• Uso de medicamentos para febre e dor, como paracetamol ou ibuprofeno;
• Descongestionantes para aliviar a obstrução nasal;
• Em casos mais graves, corticosteroides inalados ou orais podem ser recomendados para reduzir a inflamação e melhorar a respiração.
Medidas de prevenção, como higienizar as mãos regularmente, evitar aglomerações e proteger-se ao tossir ou espirrar, permanecem essenciais para limitar a disseminação do vírus.
Perspectivas
Embora a circulação do HMPV na China exija atenção, especialistas concordam que, no cenário atual, não há indícios de que o vírus se torne uma ameaça global significativa. Segundo Fonseca, “a preocupação está mais relacionada à vigilância pós-Covid-19 do que a uma real emergência de saúde pública”.
No entanto, o aumento de casos reforça a importância de monitorar a evolução de vírus respiratórios, especialmente aqueles que afetam populações vulneráveis, como crianças e idosos.