O Brasil decidiu ingressar no grupo de aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), conforme anunciado nesta terça-feira (18). O país será o primeiro a aderir à “carta de cooperação” da Opep, um fórum de discussão que inclui tanto os membros do cartel quanto os aliados da Opep+.
A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que a adesão não impõe obrigações vinculantes ao Brasil. “É apenas uma carta e um fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo. Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo”, afirmou Silveira.
O governo também anunciou que o Brasil iniciará os processos de adesão à Agência Internacional de Energia (IEA) e à Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), retomando uma iniciativa suspensa no governo anterior.
A decisão de aderir à Opep+ gerou críticas de ambientalistas. Camila Jardim, representante do Greenpeace Brasil, afirmou que a medida “envia o sinal errado para o resto do mundo”, especialmente no ano em que o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), em Belém (PA).
“O Brasil vai na contramão ao buscar integrar um grupo que funciona como um cartel do petróleo, trabalhando para sustentar preços lucrativos por meio do controle da oferta”, declarou Jardim.
Pablo Nava, especialista em transição energética do Greenpeace, ressaltou que o Brasil deveria focar em aprofundar suas relações multilaterais para promover a transição para uma economia de baixo carbono.
Já Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, alertou para as consequências da decisão. “O petróleo gera dinheiro, mas para quem e com quais consequências? Produzimos petróleo suficiente para nossa demanda interna. A expansão irresponsável só piora o problema que se pretende resolver”, criticou Araújo.
Diante das críticas, o ministro Alexandre Silveira rebateu as argumentações e se posicionou como defensor da transição energética. “Tenho todo respeito pelos ambientalistas. Eu também sou ambientalista, talvez me considere mais ambientalista que eles”, declarou Silveira, alfinetando os opositores.