O Brasil registrou, em 2023, os mais baixos níveis de pobreza e extrema pobreza desde 2012, segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2024 do IBGE. O levantamento destaca que avanços no mercado de trabalho e a ampliação de políticas sociais foram fundamentais para a redução das desigualdades econômicas no país.
No último ano, cerca de 8,7 milhões de pessoas deixaram a situação de pobreza, diminuindo o total de 67,7 milhões para 59 milhões, o equivalente a 27,4% da população. Já o número de brasileiros em extrema pobreza caiu de 12,6 milhões para 9,5 milhões, representando 4,4% da população — a menor taxa em mais de uma década.
“A combinação de um mercado de trabalho aquecido e maior cobertura de programas sociais foi determinante para os resultados, especialmente no combate à extrema pobreza”, afirma Leonardo Athias, gerente de Indicadores Sociais do IBGE.
Infância e Juventude Entre os Mais Vulneráveis
Apesar das melhorias gerais, crianças e adolescentes de até 14 anos seguem como os mais afetados: 44,8% vivem em situação de pobreza, e 7,3% estão em extrema pobreza. Em contraste, idosos apresentam os menores índices, com 11,3% em condição de pobreza e apenas 2% em extrema pobreza.
Desigualdades Regionais e Sociais Persistem
Os dados revelam fortes disparidades entre as regiões do país. O Nordeste (47,2%) e o Norte (38,5%) possuem as maiores proporções de pessoas em situação de pobreza, enquanto o Sul (14,8%) e o Sudeste (18,4%) registram os menores índices.
Quando analisados aspectos de gênero e cor, as diferenças também são evidentes:
• Gênero: A pobreza atinge 28,4% das mulheres, contra 26,3% dos homens.
• Raça: Pessoas pardas (35,5%) e pretas (30,8%) enfrentam taxas de pobreza mais altas do que pessoas brancas (17,7%).
“Essas desigualdades estão ligadas a fatores históricos, como a concentração de oportunidades no Centro-Sul do país, e a condições estruturais, que incluem precariedade no trabalho e falta de suporte a mulheres, especialmente negras, em ocupações como serviços domésticos e agricultura”, explica Athias.
Internet se Torna Mais Acessível, Mesmo Entre os Mais Pobres
Um dado positivo do levantamento é o avanço no acesso à internet, que passou de 68,9% em 2016 para 92,9% em 2023. Entre pessoas em extrema pobreza, o índice cresceu de 34,7% para 81,8%, um salto de 47,1 pontos percentuais.
Os números reforçam o impacto de políticas sociais e econômicas no combate às desigualdades, mas também ressaltam a necessidade de medidas direcionadas para grupos vulneráveis, como crianças, mulheres e populações do Norte e Nordeste.