Em Eldorado, interior de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está conversando com intermediários e com representantes de grandes redes de supermercados para tentar evitar uma alta maior nos produtos da cesta básica.
O presidente disse que não irá dar “canetadas”, mas pede “patriotismo”:
O preço de produtos como arroz e feijão tem sido uma queixa constante nas redes sociais do presidente, especialmente relacionadas à decisão do governo de reduzir para 300 reais o auxílio emergencial que será pago até dezembro.
“Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente…. não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum. Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro. Ninguém pode trabalhar de graça. Mas a melhor maneira de controlar a economia é não interferindo. Porque se interferir, der canetada, não dá certo”. Jair Bolsonaro, presidente.
Levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP mostra que as commodities agrícolas de fato tiveram altas recordes nos últimos meses, puxadas também pela alta demanda externa e influenciadas pela queda do real perante o dólar, além do fato da demanda interna não ter caído pelo pagamento do auxílio emergencial.
Era Sarney
O pedido do presidente para que os donos de supermercado “sejam patriotas” e evitem uma alta maior dos preços de itens da cesta básica é considerado descabido por economistas, que avaliam que a fala ressoa às tentativas de controle da inflação dos anos 1980.
Para os analistas, com a declaração, o presidente tenta agradar seus apoiadores, com um pedido que é infundado numa economia de livre mercado, onde custos são livremente repassados aos preços.
Eles também apontam contradição no presidente, que em uma live na quinta-feira (3) festejou que a taxa básica de juros esteja a 2% ao ano e disse que espera nova redução, o que resultaria em ainda mais estímulo à demanda, já pressionada pelo auxílio emergencial.
“A fala do presidente não faz sentido, parece que estamos voltando a um passado remoto, em que o presidente tinha que falar para a sociedade e para os diversos organismos privados para não aumentar preços. Parece a volta dos anos 1980, o controle de inflação do Sarney”. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Fonte – É Assim