Partido quer acelerar tramitação do projeto que livra envolvidos nos atos golpistas de responsabilização

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu, nesta terça-feira (1º/4), com lideranças do Partido Liberal para traçar uma estratégia de “obstrução total” nos trabalhos legislativos, como forma de pressionar pela votação do pedido de urgência do Projeto de Lei da Anistia. A proposta busca absolver os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O encontro foi conduzido pelo líder da Oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), e contou com a participação do vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ); do líder do PL na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); da líder da Minoria, deputada Caroline De Toni (PL-SC); e do próprio Bolsonaro.
De acordo com a oposição, o grupo decidiu adotar o instrumento regimental de obstrução total nas comissões permanentes e no Plenário da Câmara. O objetivo é forçar a inclusão do requerimento de urgência para acelerar a tramitação do PL da Anistia.
“Estamos vivendo um estado de exceção no Brasil. E, para momentos de anormalidade institucional, precisamos atuar de forma muito firme. Portanto, a orientação é para obstruir todas as pautas. Nada mais importante agora do que buscar reparação para as centenas de presos e refugiados políticos do Brasil”, declarou Zucco.
Coletiva com familiares de presos do 8 de janeiroNesta quarta-feira (2/4), o PL realizará uma coletiva de imprensa com familiares dos detidos pelos atos golpistas. Na ocasião, será apresentado um relatório elaborado pela Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), que denuncia supostos abusos e violações de direitos durante as prisões e no processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Vamos mostrar à sociedade e ao mundo que existem muitas outras Déboras, situações que envergonham o Brasil perante a comunidade internacional”, afirmou Zucco, em referência a Débora dos Santos, uma das rés do 8 de janeiro, conhecida por ter pichado “Perdeu, Mané” na estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes.
A estratégia do PL ocorre em meio ao avanço dos processos no STF contra os envolvidos no ataque às instituições. O ex-presidente Jair Bolsonaro também virou réu na Corte por suposta incitação aos atos, o que tem intensificado os esforços da oposição para aprovar o projeto de anistia.