O Banco Central elevou de 1,2% para 2% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A informação consta do relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira (29).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
O aumento na projeção ocorre após a divulgação do resultado do PIB do primeiro trimestre, que apontou expansão de 1,9%, na comparação com os três últimos meses do ano passado. O resultado ficou acima das expectativas de economistas.
Apesar do aumento, a projeção do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano está abaixo do mercado financeiro – que vê uma alta de 2,18% para o PIB em 2023.
Mesmo com a alta, o resultado para o PIB desse ano estimado pelo BC ainda representa desaceleração em relação ao patamar do ano passado – quando a expansão foi de 2,9%. E também frente ao ano de 2021, que apresentou um crescimento de 5%.
“Apesar da alta na estimativa para a variação anual, a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica [taxa de juros elevada]”, informou o BC no relatório de inflação.
Para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Banco Central reduziu sua estimativa para 2023, de 5,8%, em março deste ano, para 5% neste mês.
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para esse ano é de 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
“Em termos de probabilidades estimadas de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância, destaca-se, no cenário de referência, a redução da probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior em 2023, que passou de cerca de 83% no relatório anterior [de março] para 61% neste relatório”, acrescentou o Banco Central.
O mercado financeiro estimou, na semana passada, que a inflação medida pelo IPCA somará 5,06% nesse ano.
Para 2024, a projeção do BC para o IPCA recuou de 3,6%, em março, para 3,4% no documento divulgado hoje. A meta de inflação do próximo ano é de 3%, e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Já para o ano de 2025, a estimativa de inflação do Banco Central caiu de 3,2% para 3,1%. Para aquele ano, a meta de inflação é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Terceiro ano seguido de estouro
Se confirmado não atingimento da meta em 2023, este será o terceiro ano seguido de estouro.
Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, maior alta desde 2015, e ficou bem cima do teto da meta para 2021, que era de 5,25%.
No ano passado, o IPCA somou 5,79%, também acima do teto do sistema de metas, que era de 5% em 2022.
As metas de inflação baseiam as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir o juro básico da economia.
Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar em seis anos e meio, para conter pressões inflacionárias e tentar trazer a inflação de volta às metas pré-definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Nesta quarta-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai discutir na próxima reunião, marcada para esta quinta, uma possível mudança no modelo das metas de inflação.
O modelo adotado hoje é de ano-calendário. Ou seja, o CMN define uma meta de inflação para cada ano. Haddad tem defendido que a meta seja contínua, não limitada ao período de um ano.
A maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado formado pelo presidente e diretores do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia, avaliou nesta semana que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas do mercado para o IPCA, pode possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto.
Até o momento, a previsão do mercado é justamente de que os juros comecem a recuar em agosto, quando passariam para 13,50% ao ano. Para o fim deste ano, a previsão é que que a Selic cai para 12,25% ao ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central a iniciar o processo de redução da taxa básica de juros da economia, e critica o efeito de juros altos sobre o crescimento da economia e a geração de empregos. Na semana passada, em transmissão pela internet, Lula voltou a pressionar pela queda de juros.
Fonte – G1