A mobilidade urbana em Maceió, ainda é um tema que envolve diversas polêmicas com relação a gestão de recursos investidos de forma prioritária. Grande Avenidas como por exemplo, a Fernandes Lima e a Menino Marcelo estão sempre pautadas quando o assunto é transporte público, sem falar na estruturação de calçadas e ciclovias colocadas em segundo plano.
Para entender melhor o contexto da mobilidade no município, o pré-candidato a Prefeito de Maceió Basile Christopoulos dedicou a noite da última quarta-feira (15), para ouvir a especialista em Engenharia de Transportes, Dra Jéssica Lima.
Durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, houve um debate sobre os principais problemas observados pela especialista, que vive na cidade há dois anos. Um dos primeiros assuntos listados, foi a falta de um plano de mobilidade urbana na cidade.
Não entregar esse documento, implicará no bloqueio de verbas para uma melhor estruturação do município, isso porque a Lei 12.587/12 institui as diretrizes para a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) e orienta os municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborar os seus próprios planos.
A lei contraria os atuais incentivos tributários dados pelo governo federal para a aquisição de carros e motocicletas, e estabelece como prioridade para as cidades o transporte coletivo, público e não motorizado.
Com isso, o que se espera na prática seriam preços mais acessíveis no transporte coletivo, vias exclusivas para ônibus e bicicletas, restrição de circulação de veículos privados em determinados horários e cobrança de tarifa para utilização de infraestrutura urbana.
No entanto segundo a Dra Jéssica, em Maceió o prazo de entrega desse planejamento já foi estendido por duas vezes e o próximo prazo seria só até abril de 2021.
“É um plano muito importante, porque será o primeiro passo para uma mudança nessa área. A falta de políticas públicas para transporte de massa, aliada a passagens cada vez mais caras, provocam uma queda gigantesca na utilização do transporte público no Brasil”, explicou.
Ao saber dessa realidade Basile comentou que de fato o plano merece mais celeridade já que existem muitos aspectos para melhorar a mobilidade, especialmente em um momento de readaptação durante a Pandemia.
Com agravamento do número de casos de Covid-19 na cidade, a especialista diz ter notado uma redução de demanda. Isso mostra segundo ela, que quem deveria ser subsidiado é quem traz menos custo para a sociedade, pois no momento, todo o dinheiro gasto com mobilidade, no país incentiva o uso do carro.
Durante o debate, Basile e a especialista concordaram que ainda existem poucas ciclovias, e que o uso de bicicletas como meio de transporte seria uma ótima solução para diminuir a transmissão do Coronavírus. Para isso, porém, não existe infraestrutura adequada.
“Como disse a Jéssica, teríamos que ampliar as calçadas e implantar mais locais para estacionar bicicletas. Seria um grande investimento para os pedestres também, já que muito se investe em vias e pouco em calçadas”, disse Basile, após comentar sobre o livro “Cidade Caminhável” que fala justamente sobre o impacto da mobilidade urbana na visão do pedestre.
Gerenciando a demanda
Quando o assunto é o investimento em vias, a especialista confirmou ao pré-candidato que a solução é gerenciar melhor a demanda.
Ela aproveitou para falar da Zona Azul, que em sua visão foi abolida porque estava subsidiando o uso de veículos, já que o custo marginal de vc usar o carro ainda é considerado muito baixo.
Como alternativa ao trânsito intenso na região do Centro da cidade, ela sugeriu fazer um centro mais aberto expandindo para o jaraguá, como uma forma de também incentivar a cultura e o turismo.
“No geral vejo que precisa implantar ciclovias em alguns lugares de Maceió, diminuir as faixas de carros que faz com que as pessoas andem mais devagar e evitem acidentes e por fim, fazer mais faixas de pedestres em vias grandes como a Av. Fernandes Lima, tem trechos que chega a ser 1 km de uma faixa para outra, isso é inconcebível”, comentou.
Para ela, o debate é amplo, mas ainda há muita incompreensão e resistência das pessoas. No entanto, se houver investimento nesses outros aspectos da mobilidade urbana, há uma possibilidade obter mais recursos econômicos.
“Quando deixamos de investir no carro, investimos mais na casa, e no comércio em si, fazendo a economia girar”, finalizou.
Entre o sonho e o pesadelo
Lembrando da campanha passada, Basile expôs uma preocupação com relação a acessibilidade de famílias beneficiadas pelo projeto Minha Casa Minha Vida. Durante uma visita ao Conjunto Parque dos Caetés, ele disse ter percebido outra realidade, já que quanto mais longe se constrói novas habitações do centro da cidade, mais difícil conseguir conduções públicas para estar acessível.
“Vi que não era nada acessível, não tinham farmácias, e um dos moradores inclusive teve que transformar sua casa em mercadinho. Isso faz com que as pessoas devolvam ou vendam as casas. A gente precisa entender que essas pessoas não querem ficar nesses lugares, por falta de um transporte público adequado”, desabafou.
Por conta disso, outras situações podem surgir rapidamente, segundo a especialista. Ao comentar o assunto, ela disse que a falta de proximidade com o centro urbano, gera um possível aumento de violência, já que dificilmente tem lugar para lazer, bibliotecas, supermercados e transportes, que na maioria das vezes, demoram muito para chegar.
Fatores como esses são extremamente importantes para o alcance de oportunidades, por isso sugeriu expandir investimentos em um eixo de desenvolvimento, como a Av. Fernandes Lima.
“Quando você coloca essas habitações para muito distante, acaba tendo mais custo com infraestrutura como água, gás, energia, transportes, então trazer as pessoas pra mais perto do centro seria melhor, pois estão mais próximas dos empregos”, aconselhou.
Fonte – Blog do Bernardino