Os dados mais recentes da Polícia Civil de Alagoas indicam um aumento significativo no número de mulheres que buscaram medidas protetivas contra a violência doméstica em 2024. O crescimento de 24% em relação ao ano anterior evidencia não apenas a persistência do problema, mas também um movimento crescente de conscientização e confiança nos órgãos de segurança.
Em 2023, foram concedidas 7.226 medidas protetivas em todo o estado, contra 5.832 em 2022. Em Maceió, o crescimento foi de 13%. Para especialistas, esse aumento não necessariamente significa que a violência está mais presente, mas sim que mais vítimas estão rompendo o silêncio e buscando proteção antes que a situação se agrave.
Denúncias precoces e fortalecimento da rede de apoio
A delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), ressalta que o crescimento das denúncias de ameaças verbais demonstra um avanço na percepção da gravidade do problema.
“O aumento do requerimento de medidas protetivas de urgência em 24% é extremamente positivo. Demonstra que as mulheres estão confiantes nos órgãos de Segurança Pública e procurando unidade policial para registrar boletim de ocorrência. Demonstra também que a sociedade está menos tolerante à violência contra a mulher, como deve ser”, afirma.
Ela destaca que o crime de ameaça lidera as estatísticas em Alagoas e vê isso como um fator positivo: “A mulher não espera a violência física. Se o homem ameaçou bater, ela já procura a delegacia para efetuar o BO. Isso se deve, além do trabalho da polícia no âmbito repressivo, a diversas campanhas de conscientização.”
A delegada também reforça que a Lei Maria da Penha considera cinco tipos de violência – física, moral, patrimonial, psicológica e sexual – e que a agressão não precisa ser física para que a mulher possa buscar amparo legal.
Mais prisões e monitoramento dos bairros com maior incidência
Outro dado relevante é o aumento expressivo no número de prisões de agressores. Em 2024, 2.293 pessoas foram detidas por violência doméstica em Alagoas, um número muito superior às 728 prisões registradas no ano anterior. Esse crescimento indica que a atuação policial tem sido mais eficaz na repressão aos crimes contra a mulher.
Em Maceió, os bairros com maior número de denúncias são Cidade Universitária, Benedito Bentes, Jacintinho e Tabuleiro do Martins. A identificação dessas áreas com alta incidência permite que as autoridades concentrem esforços em campanhas educativas e medidas preventivas, fortalecendo o combate à violência doméstica.
Os números revelam que a luta contra esse tipo de crime avança, impulsionada pela maior conscientização das vítimas e pela resposta mais rápida das autoridades. O desafio, agora, é garantir que essas mulheres tenham acesso contínuo à proteção e ao suporte necessário para romper o ciclo da violência.