O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), encerra neste sábado (1º) seu segundo mandato à frente da Casa, após quatro anos no cargo. Antes de deixar a função, Lira promove nesta sexta-feira (31) um jantar de confraternização na residência oficial da Câmara, reunindo deputados e aliados políticos.
Além de marcar sua despedida, o encontro tem um objetivo estratégico: fortalecer a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Casa. Motta, aliado direto de Lira, conseguiu construir uma ampla base de apoio, reunindo partidos da oposição e da base governista. Com essa articulação, a expectativa é de que ele supere 450 votos na eleição que ocorrerá no sábado, às 16h.
O convite para o jantar foi enviado aos 512 deputados federais, além de ministros do governo ligados ao Centrão. O evento não terá atrações musicais e deve manter um tom mais formal. Lira busca consolidar sua influência na sucessão e garantir que seu grupo político continue com forte presença na Câmara.
Enquanto Lira promove sua despedida, no Senado, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deve ser substituído por Davi Alcolumbre (União-AP), não planejou eventos semelhantes.
Apesar da relação com o governo ter oscilado entre embates e acordos, Lira se despede com duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele afirmou que o governo caminha para o fracasso e criticou a tentativa do Planalto de atrelar uma reforma ministerial ao apoio político para 2026.
“Ninguém vai embarcar num navio que vai naufragar sabendo que vai naufragar”, disse Lira, sugerindo que mudanças ministeriais não serão suficientes para reverter o desgaste do governo. Para ele, o principal problema não está na distribuição de cargos, mas na falta de credibilidade econômica e na deficiente articulação política do Planalto.
O presidente da Câmara também criticou a política fiscal do governo, acusando a gestão petista de ganhar a “fama de taxador” devido às tentativas de aumentar a arrecadação.
Com apoio de 17 partidos, incluindo PT e PL, Hugo Motta desponta como favorito na disputa pela presidência da Câmara. Seus adversários são o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), que representam candidaturas de oposição ao Centrão.
Lira, que foi eleito presidente da Câmara em 2021 e reeleito com votação recorde em 2023, agora deve se preparar para seu próximo movimento político, que pode incluir uma vaga na Esplanada dos Ministérios ou a articulação para disputar um novo cargo em 2026.