O Hospital Sanatório, localizado em Maceió vem sendo alvo de denúncias por parte de pacientes que se utilizavam dos serviços do mesmo. Os beneficiários denunciaram nesta quarta-feira (31) à Defensoria Pública do Estado o descaso e a falta de tratamento desde que houve uma evacuação da unidade, com do risco de rompimento da mina 18, no Mutange, em dezembro passado.
Um grupo de pacientes relataram aos defensores públicos Ricardo Melro e Lucas Monteiro Valença, situação de abandono e descaso. Vale destacar que a falta de informações se deu desde os rumores da evacuação.
De acordo com os pacientes, após a retirada das dezenas de pessoas, as mesmas ficaram sem perspectivas de retorno aos seus tratamentos. Os relatos são de pessoas que aguardam para a retirada de cateteres, e que necessitam realizar cirurgias para a desobstrução da bexiga, retirada de tumores, dentre outros procedimentos.
“No dia que fiz a cirurgia, eu estava lá internada no Hospital Sanatório, daí chegou um doutor, tirou meu dreno nas carreiras e me deu alta. A maca foi pegar a gente e desceu o elevador numa ‘doidiça’ tão grande, todo mundo correndo. Depois disso, não tivemos mais notícias e, até agora, estou com esse cateter, precisando tirar com urgência, minha barriga grande, inchada, sinto dor, sai sangue na urina, sem informação nenhuma de quando vou poder tirar. Para mim, quem tem que ser responsabilizado é a Braskem, por conta de tudo que ela fez nós ficamos nessa situação”, desabafou uma paciente.
Ainda, segundo os denunciantes, o Município não informou para onde eles serão encaminhados. “Eu preciso fazer cirurgia, já me falaram que custa mais de R$ 6 mil, eu não tenho como pagar. Antes, eu fui operado no Hospital Sanatório e estava esperando para fazer lá novamente, mas então o Sanatório foi fechado e não deram solução nenhuma mais. Eu preciso dessa cirurgia há muito tempo, já vai fazer um ano e nada. Já passei mal, vou para UPA e depois sou liberado. A gente tá atoa”, desabafa Josival Lopes Ferreira, de 71 anos, que precisa realizar procedimento de desobstrução da bexiga.
Também foram relatados casos de pacientes que estão aguardando procedimentos para iniciar o tratamento de câncer. “Minha cirurgia estava marcada para o dia 16 de janeiro de 2024, mas não foi possível devido à desativação do Sanatório. Por não ter feito essa cirurgia, eu não posso dar continuidade ao tratamento. Sofro com dores, minha urina avermelhada. Preciso que essa cirurgia seja realizada o quanto antes para que eu possa continuar meu tratamento”, contou o José Francisco da Silva, de 83 anos.
A Defensoria Pública do Estado, por meio do Núcleo de Proteção Coletiva, oficiará as Secretaria Municipal e Estadual de Saúde (SMS e Sesau) e a direção do Hospital Sanatório, cobrando informações e providências urgentes.
Além disso, a Defensoria Pública também deve oficiar a responsável pelo afundamento dos bairros, para saber quais medidas foram adotadas para garantir os direitos dos pacientes prejudicados. Caso necessário, a instituição também deve adotar medidas legais com a finalidade de assegurar que os responsáveis arquem com todos os custos dos procedimentos necessários aos tratamentos dos pacientes vitimados.
O Coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, Defensor Público Ricardo Melro, afirma que a situação beira ao absurdo, “Fomos procurados pela comissão de pacientes do Hospital Sanatório que estão sem seus procedimentos após o fechamento do hospital por culpa da Braskem. Há muitos nessa situação. Se a prefeitura de Maceió não consegue resolver essa demanda através do Sistema Único de Saúde (SUS), penso que a Braskem tem o dever de custear todos os procedimentos”, expôs o Defensor.
*com informações da Assessoria.