Dois estudos recentes, conduzidos pelas universidades da Califórnia e de Loughborough, revelaram novos sinais precoces de Alzheimer: a perda de olfato e dificuldades visuais. Segundo a neurologista Elisa França, da UFMG, esses sintomas são raros e, por isso, pouco associados à doença. Ela também destaca que o Alzheimer não afeta o paladar ou o tato, embora possa prejudicar a percepção de estímulos complexos, como a sensação de algo sendo escrito na mão. Já a perda auditiva, apesar de ser um fator de risco, não compromete significativamente a audição.
O neurologista Ricardo Nitrini, da USP, alerta para a interpretação cautelosa desses novos estudos. Ele expressa preocupação em associar a redução das acuidade visual e auditiva ao Alzheimer, pois esses sinais também podem ser parte do envelhecimento natural. Nitrini sugere que nem todo sintoma, como a perda de olfato ou lapsos de memória, deve ser imediatamente ligado à demência, destacando a importância de diferenciar os sinais normais do envelhecimento daqueles que indicam a doença.
Leandro Minozzo, geriatra e autor de livros sobre Alzheimer, oferece algumas diretrizes para distinguir lapsos de memória normais dos que podem ser preocupantes. Ele explica que fatores como noites mal dormidas, ansiedade ou estresse podem causar esquecimentos. No entanto, situações como perder o caminho de casa ou cometer erros frequentes na administração de medicamentos devem ser motivo para procurar um médico. Segundo Minozzo, o especialista mais indicado para diagnosticar Alzheimer é o neurologista, geriatra ou psiquiatra.
O Alzheimer, que afeta milhões de pessoas no mundo, não tem cura, mas pode ser prevenido. Fatores de risco como genética e idade são imutáveis, mas outros, como sedentarismo, obesidade e tabagismo, podem ser controlados. Uma comissão de especialistas da revista The Lancet identificou 14 fatores de risco modificáveis que poderiam prevenir 45% dos casos da doença. Além disso, pesquisas indicam que proteínas associadas ao Alzheimer começam a se acumular no cérebro até 20 anos antes dos sintomas, oferecendo esperança para futuras intervenções preventivas.
*redacao com Flávio Gomes de Barros