Um áudio enviado pelo motorista Luciano de Queiroz de Araújo, uma das vítimas fatais do acidente em União dos Palmares, se tornou uma peça-chave nas investigações sobre a tragédia. No último domingo, 18 pessoas morreram e 30 ficaram feridas após um ônibus escolar despencar de uma ribanceira de 120 metros enquanto subia a Serra da Barriga, no acesso ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
No áudio, enviado à esposa antes do acidente, Luciano, conhecido como “Mão Cheia”, alertou sobre problemas mecânicos no veículo. “Amor, o carro quebrou, pocou a mangueira [do freio]. O César estava ajeitando, cheguei agora”, disse o motorista, evidenciando falhas que, segundo ele, comprometiam a segurança do ônibus.
Delegado aguarda perícia sobre o veículo
O delegado Guilherme Iusten, responsável pelo caso, confirmou que recebeu o áudio e afirmou que a apuração das causas do acidente depende de laudos da Perícia Oficial. “Há relatos extraoficiais de falha técnica, mas o veículo estava em situação regular, com inspeção semestral realizada em 13 de outubro. O ônibus era relativamente novo e autorizado para circulação”, explicou.
O acidente ocorreu enquanto o ônibus subia a serra com cerca de 40 passageiros. Testemunhas relatam que o veículo perdeu força e o motorista perdeu o controle, resultando no capotamento.
Ministério Público cobra explicações
O Ministério Público de Alagoas abriu investigação para apurar o uso do ônibus escolar, solicitando informações da Prefeitura de União dos Palmares sobre as condições do veículo. O promotor Lucas Sachsida, da Promotoria da Infância e Juventude, destacou preocupações com a legalidade do uso de um transporte escolar para fins que não sejam educacionais.
“Veículos de transporte escolar seguem regramentos próprios, com inspeções semestrais obrigatórias. Vamos avaliar se essas normas foram cumpridas e se houve desvio de finalidade ao usar o ônibus para o passeio”, afirmou o promotor.
Além disso, o MP quer verificar se a capacidade do veículo foi excedida e se houve negligência na organização do transporte. A prefeitura tem até amanhã para responder aos questionamentos.
Vítimas e resgate
A tragédia deixou 18 mortos, incluindo o motorista Luciano e uma criança de cinco anos, Maitê Francine Romão da Silva, que faleceu no hospital devido a ferimentos graves. Outras 30 pessoas ficaram feridas, sendo nove já liberadas.
O resgate foi realizado em condições extremas, com equipes do Samu, Corpo de Bombeiros e uma aeronave enfrentando a difícil geografia do local. As vítimas foram encaminhadas para hospitais da região, incluindo o HGE e o Hospital Regional da Mata.
Desdobramentos das investigações
Os próximos passos incluem a análise dos laudos técnicos da perícia, depoimentos das vítimas e familiares, e a avaliação das condições do veículo e da organização do transporte. A Polícia Civil e o Ministério Público trabalham para determinar responsabilidades e evitar que novas tragédias ocorram em situações semelhantes.