Quando deputado estadual, entre 1983 e 1987, Eduardo Bomfim escreveu uma página marcante e fundamental de decência, ética e honestidade com o uso do dinheiro público.
O que ia além, ressalte-se, da sua combatividade e coerência política: ele sempre foi um militante de esquerda, dedicando-se às bandeiras sociais e trabalhistas.
Mas, vamos lá.
O que hoje seria inimaginável, Bomfim fez questão de se conduzir de forma absolutamente respeitosa com o erário nos seus tempos de Assembleia.
Por exemplo: ele pagava do próprio bolso o combustível que utilizava na sua atividade parlamentar, renunciando à cota de combustível a que a Casa lhe dava direito – além de outros mimos que hoje fazem parte “natural” da vida dos políticos com mandato.
Bomfim também renunciou à aposentadoria a que teria direito como deputado num momento da história em que esse benefício não era questionado – nem pelos seus pares, nem pela imprensa, nem pelo movimento social.
Isso pode parecer tolice (“frescura”) nos tempos em que vivemos, ou ainda uma manifestação descabida de pureza.
Quero crer, no entanto, que os homens públicos podem e devem ser movidos pelos apelos de consciência, principalmente em um estado – como o nosso – em que metade da população vive na pobreza e 36,7% passam fome.
Texto – Ricardo Mota
Fonte – Cada Minuto