O cenário fiscal em todo o país é de alerta para a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Com aumento de despesas e diminuição de receitas, gestores locais, das cinco Regiões do Brasil, relatam dificuldades para fechar as contas. A nível nacional, 51% das prefeituras brasileiras estão no vermelho. Em Alagoas, 40 municípios de 53 que enviaram dados ao Siconfi encerraram o primeiro semestre de 2023 com déficit, o que representa 75%. Em 2022, no mesmo período, eram 3 (6% dos respondentes)
Isso significa que o percentual de comprometimento da receita está alto. Em Alagoas, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos municípios, R$ 98 foram destinados a pagamento de pessoal e custeio da máquina pública.
“Estamos em diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas, como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos Municípios”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras alagoanas estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela União, soma R$ 417,2 milhões, e o atraso no pagamento de emendas parlamentares.
A redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo período de 2023 – é de quase 81%, passando de R$ 346 milhões para R$ 66,3 milhões. No total de emendas, a queda foi de R$ 404,4 milhões para R$ 99 milhões para o Estado.
Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 36,9%, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) apresenta mais decêndios menores do que o mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de restituição por parte da Receita Federal.
Além disso, os gestores de Alagoas enfrentam o represamento de 878,9 mil procedimentos ambulatoriais e 70,6 mil procedimentos hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 107,2 milhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; 123 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e obras concluídas com mais de R$ 91,2 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal.
Fonte – Extra